quinta-feira, 28 de novembro de 2019

### VESTIR A CAMISOLA! (SHORT STORY!) - (inédito) *** O Jornalista SOU EU (160) - Por: XIPALA BAILUNDO


SHORT  STORY

»»» SHORTs STORYs são pequenos contos, curtos, escritos com dois sentidos..., com um final imprevisto! O Leitor é levado a pensar, no decorrer da prosa, num certo e determinado enredo e depois, no término da leitura..., é surpreendido com uma solução diferente (!) em nada semelhante com o possivelmente imaginado! (RO)




### Xipala Fernando Pereira Bailundo ou verdadeiramente Fernando Manuel Gomes Pereira Rito - Sócio N.º 103, actualmente 1.º Secretário da Assembleia Geral dos Corpos Sociais do Charneca de Caparica Futebol Clube, desde que entrou na Nação CCFC que se envolveu na sua mística e depressa foi visto e apreciado como uma mais-valia para engrandecer a nobreza, a credibilidade e a versatilidade deste diferente Clube! O “Repórter de Ocasião” inclui este seu óptimo trabalho, de escrita, na rubrica “O Jornalista SOU EU” montra onda já figuram outras individualidades que passaram pelo CCFC ou ainda permanecem no Clube! (RO)


FOTO: Blogue RO


O Jornalista SOU EU (160)
Escreveu: Xipala Fernando Pereira Bailundo
Vestir a camisola!

SHORT  STORY



Vestir a camisola!

Acordei e era sábado.
Sentia-me cansado. Diria mesmo exausto da semana cheia de castigos, obstáculos, sapos, frustrações e desilusões. Quase que poderia dizer que nada de bom me ocorreu dizer, e muito menos pensar.
Levantei-me e senti o alívio porque aquele ia ser o primeiro dia de fim de semana.
Olhei para mim e pensei que aquele iria ser apenas mais um dia igual a tantos outros. Mas, subitamente, senti um formigueiro e não percebi muito bem o porquê.
Por momentos quase dei um valente biqueiro no gato quando me dirigia ao quarto depois da rotineira higiene.
O formigueiro aumentou e fiquei bloqueado.
Abri a porta do guarda-fatos e percebi a razão do formigueiro. Olhei, lembro-me de ter esboçado um sorriso, e pus-lhe a mão em cima. Ela vestia o cabide magro duma forma perfeita. O cabide estava emproado e conseguia sentir-lhe a vaidade.
Esta camisola não era vulgar. Não era uma qualquer. Tem um símbolo no lado esquerdo, mas o seu verdadeiro lugar é do lado de dentro. Cheia de passado, presente e até se consegue sentir o futuro. Cheia de pessoas e valores, fotos e música. Campos e apitos, alegrias e tristezas. Senti o aroma da terra e o cheiro da relva. Deliciei o calor, senti a chuva e o frio.
De cor cinzenta, com traçados brancos a lembrar os campos, tirei-a do cabide e o guarda-fatos ficou escuro.
Olhei-me ao espelho e senti que já a usava sem vestir. Ainda de tronco despido senti que afinal já estava a usá-la e ainda não a tinha vestido. A brisa da manhã entrou por uma fresta da janela e arrepiei-me. Finalmente vestia-a. O formigueiro desapareceu e esqueci-me da semana.
Olhei-me ao espelho e senti o propósito. Propósito que virou sentido e sentido que se transformou em emoção. A verdadeira razão de se vestir uma camisola cinzenta com uma pitada de amarelo e azul com riscas brancas que fazem lembrar as marcas dos campos que limitam... mas não têm limite no sentido.
Senti uma energia inexplicável, mas extraordinariamente agradável.
Afinal de contas vestia apenas uma camisola cinzenta!
Ou será que foi a camisola que se vestiu de mim?

Xipala 2019 - (28 de Novembro de 2019)

NOTA – XIPALA BAILUNDO opta por escrever os seus textos na ortografia antiga.







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