Memórias do Policiário – 018
“II Convívio Policiário de Abrantes - 24 de Abril de 1977
Escreveu: Belém Valente
NA DESPEDIDA
Já na estação, cerca das 22 horas, eis que o Detective Misterioso, de fato domingueiro, havia manchado a camisola branca com a bela pinga… A preocupação atormentava-o, e se chegasse a casa e a patroa lhe olhasse para a camisola?... Levaria com o rolo da massa?!... Mas eis que surgiu uma ideia: voltar a camisola! E voltou mesmo… Mas a vítima é sempre O Gráfico quando diz que… “-Eu é que sou a vítima, que tenho de levar o Misterioso até ao outro lado”.
Mas tudo acaba bem, quando tudo fica bem!
BELÉM VALENTE
In Mundo de Aventuras, nº 197 – 7 de Julho de 1977
Eu tinha chegado a Almada, para trabalhar numa Tipografia, em 1969, com 11 anos apenas! Em Junho de 1975, dois dias antes de festejar 17 anos, quando me dirigia para o trabalho olhei para uma capa do “Mundo de Aventuras”, n.º 90, revista de banda desenhada (bd) -afixada numa banca de venda de jornais e revistas, então situada na antiga Praça da Renovação, actualmente, por força do “25 de Abril”, designada como Praça do Movimento das Forças Armadas, onde está a famosa estátua de “Os Perseguidos”-e fiquei fascinado pela capa que mostrava um extraordinário desenho de PELLUCIDAR!! Uf! Recordações. Comprei a dita revista que custava, na altura, 5$00 e 7$50 em Angola e Moçambique. Nas últimas páginas verifiquei existir uma Secção de Passatempos com o nome de “Mistério… Policiário”, Produção, Orientação e Comentários de “Sete de Espadas”. Interessei-me e comecei a responder e a contactar o seu Coordenador, o “SETE” e só parei quando, finalmente, vi no “Mundo de Aventuras”, na dita Secção de “Policiário” uma “Chamada Particular” para… “O Gráfico” pseudónimo que adoptei para responder aos Passatempos!
…
Juntamente com o Detective Misterioso, com o pseudónimo de “Investigadores R. & R.” também ganhámos um Torneio de Decifração de Problemística Policiária!
Juntos ( Det. Misterioso & O Gráfico) fomos Orientadores da Secção Policiária “Velharias Policiárias” (publicação de produções antigas) no “XYZ-Magazine” de “Sete de Espadas”.
(Hoje é tudo muito fácil… basta fazer uma minuciosa busca no Google! A internet resolve muitos destas situações, especialmente a desvendar os Testes de Cultura Geral e nomes dos Autores dos livros!! São outros tempos, mas naquela altura era difícil).
Fomos os dois, então, à Biblioteca Nacional e após breves buscas aos jornais de Almeirim, da data que estava mencionada no Problema Policiário, chegámos à conclusão que um dos suspeitos mentia… quando afirmava que se deslocara de carro até determinado lugar! Facto impossível de se realizar porque, naquele dia, choveu bastante em Almeirim e as ruas ficaram inundadas e impediram a circulação do trânsito! Ora, se o suspeito estava a mentir é porque tinha “culpas no cartório”!!
…
Eu e o Detective Misterioso íamos a quase todos os Convívios Policiários que se realizavam por todo o País e quase sempre trazíamos Prémios para casa, conquistados nos Passatempos “anti-digestivos” que eram colocados aos Convivas, para serem Decifrados, após a refeição! Ali, naqueles momentos, quem tinha “unhas” é que “tocava Guitarra”! Uma vez, em Évora, festejamos a conquista de uma Taça ao beber cerveja através do próprio Troféu!!
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O Detective Misterioso ensinou-me uma máxima… tinha sempre resposta para tudo… era de opinião que “antes perder uma Amizade do que evitar uma boa resposta!”
SAUDADES. UM HOMEM BOM!
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Blogue RO – 01 de Novembro de 2021
http://reporterdeocasiao.blogspot.pt/
*** As “Pegadas” de hoje, da 18.ª edição de “Memórias do Policiário - O Gráfico”, são totalmente dedicadas a um dos melhores e altos valores do Policiário em Portugal, precisamente Domingos Prata Rodrigues, o “Detectice Misterioso” de Cacilhas… City, como gostava de ser tratado! Competentíssimo Decifrador de Problemística Policiária, raramente falhava na Solução de um Problema Policiário, o meu grande Mestre! Um Companheiro e Compincha por excelência! Era o elemento com mais idade e o mais Veterano da Tertúlia Policiária de Almada.
As Histórias do Detective Misterioso no seio do Policiário, especialmente nos Convívios, são inúmeras, todas engraçadas, e lembramos nestas “Pegadas” mais uma… contada pela saudosa “PAL” de Algés.
Convívio Policiário de Abrantes [1979]
Reportagem de PAL (Algés)
“…Mas há mais, mais e pior!
Fazia calor, nós agasalhados, as janelas fechadas -isto porque os ruídos exteriores perturbam a condução do Durandal (parece que ele só gosta de “ruídos interiores”!?!!); e então, eis senão quando, o Detective Misterioso, que já suava como um Estivador em dia de chegada de qualquer Cargueiro, pede ao Durandal para parar um pouco. Parámos e ele saiu, agarrando-se à porta mal aberta. A Ifta também saiu, para ele passar para o banco da frente. Como eu ia ao lado do Detective Misterioso, percebi que havia algo de estranho e quando vi a cara dele, passar por todas as cores do arco-íris e ficar-se no verde, agarrei-lhe num braço, tudo isto em precária posição e não consegui aguentá-lo porque ele resvalou e estendeu-se ao comprido; saltaram os óculos, a Ifta parecia uma estátua do museu do Louvre (isto significa, uma estátua bonita) e eu estarrecida ao ver uma cara verde a olhar para mim.
Os outros dois cavalheiros estavam a leste do grande drama esperando que o Detective Misterioso tomasse ar suficiente e conversando na maior das calmas!...
O Detective Misterioso desmaiara!
Eu queria acordá-lo, apanhar os óculos, dar vida à estátua, chamar a atenção dos outros, mas só consegui apanhar os óculos e dar-lhe pancadas na cara e dizer: “Acorde, acorde!!...”.
Parece-me que o “acorde, acorde”, só fez efeito na “estátua” que acordou naturalmente e disse ao condutor para não recuar o carro, pois a cabeça do Detective Misterioso estava juntinha da roda e por fim o desmaiado acordou também, dizendo ter tido a sensação de lhe fazerem “festas” na cara. Que descaramento! As minhas pancadas não foram propriamente bofetões (deviam ter sido, mas eu tive medo das consequências!!...); mas festas!?; com franqueza, já é descaramento!...
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