🔍1.º Torneio de Problemística Policiária do Blogue RO »»» Primeiros passos dedutivos! ««« 🔎 👣 Dedicado ao “Inspector FIDALGO” 🧐 Prova n.º 2 = NUNO KI! 👏👏👏

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🔍1.º Torneio de Problemística Policiária do Blogue RO🔎

👣 »»» Primeiros passos dedutivos! «««

Dedicado ao “Inspector FIDALGO” 🧐

PROVA N.º 02

 

PROBLEMA POLICIÁRIO

SUICÍDIO ou HOMICÍDIO?...

Um Original de: O Gráfico

(Publicado na Secção “CÓDIGO SECRETO”

15 de Agosto de 1984

 

 

Nuno Ki (10 Pontos) - MH

1.º Torneio - Problemística Policiária do Blogue RO! Problema/Desafio N.º 02
SUICÍDIO OU HOMICÍDIO...?­­

 

 

DETETIVE EXCALIBUR

(Foto 01)

 

Saudações policiaristas.

Mesmo sem tempo, o Detetive Excalibur já tinha saudades de puxar pela massa encefálica e deslindar mais um caso policial, por isso, aqui vai a dedução para este caso.

 

1 - Crime ou suicídio?

Resposta: Crime.

 

Com tão poucas provas e um desenho tão rudimentar :-) (as caras dos suspeitos estão fixes) é complicado fazer um relatório 100% fiável. De qualquer forma vamos lá...

 

Onde está a arma do crime?

Pois bem, o que salta logo à vista é que se fosse suicídio a arma do crime estaria ainda na mão da vítima (mais comum em caso de arma de fogo) ou muito perto do corpo (mais comum com arma branca) e a única arma que se vê na cena do crime, parece ser um modelo Walther, conhecida como “pistola militar”, que se encontra na prateleira do móvel que se vê no desenho. Se ali está, será, em princípio, para dar indícios de um possível suicídio com essa arma. Posteriormente, depois de feita perícia criminal, seria também, (no caso de ter sido suicídio e no caso de arma de fogo) detetada pólvora da explosão da munição na mão que teria supostamente segurado a arma, assim como na ferida no bordo do orifício de entrada da bala, e possivelmente pequenas partículas de outros materiais, como vestígios de cobre, chumbo, aço, polímeros, borracha ou até mesmo cera (componentes usados na construção de uma munição). Não sendo detetada pólvora, nem nenhum dos outros elementos, chegaríamos à conclusão que não teria sido suicídio com arma de fogo.

 

Mais tecnicamente falando:

Sob o ponto de vista médico legal, no que diz respeito a ferida causada por arma de fogo, só pode haver dúvidas, perante um cadáver, quanto ao facto de ter ocorrido suicídio ou homicídio, quando se tratam de tiros a curta distância. Nestes casos o local do orifício de entrada e o trajeto da bala “abrem-nos o caminho” sobre a natureza do ato em si. É preciso examinar externamente o cadáver, a sua posição, a posição da arma e ver se há lesões, equimoses e/ou ulcerações que evidenciem luta.

Quando um indivíduo se suicida com uma arma de fogo, o local de eleição pela sua eficácia letal e por dar mais jeito na posição tomada para efetivar o ato, é com um tiro na cabeça, e assim ocorrendo, a arma aparece bem segura na mão, os dedos abrem-se com dificuldade e apresentam tatuagens formadas pelos grãos de pólvora. Teríamos também de analisar as estrias do cano da arma e ver se coincidiam, ou não, com as micro ranhuras provocadas por estas na bala. Analisar a escorva e a marca deixada nesta ao ser picada, se coincide com a suposta arma que efetivou o disparo. A analisar ainda se o indivíduo era canhoto ou destro.

 

Composição de uma bala:

 

BALAS

(Foto 02)

 

Resumindo e baralhando:

Então temos, ou melhor, não temos a arma do crime na mão do cadáver ou perto do corpo, assim como a posição em que se encontra não seria muito comum para um suicídio. Uma pessoa ao suicidar-se não dá um tiro do nada, no meio de uma sala, é um ato que antecede alguma reflexão prévia, sendo os locais mais comuns sentado a uma secretária, num sofá, ou até mesmo na cama. Quanto ao local de entrada da bala, um tiro dado no peito, além de dar pouco jeito pela fisionomia humana, não é muito fiável quer pelos ossos (costelas) que compõem a caixa torácica, quer pela trajetória da bala, dada a inclinação do braço e da mão ao ser feito o disparo, estes fatores podem fazer com que a bala tenha desvios da sua trajetória e tome um trajeto diferente do que se pretende, o coração. A posição do corpo poderia ser esta se fosse um ato de desespero, face a uma questão de violência de terceiros, de qualquer forma, não no peito, mas sim na cabeça por instinto, por ser um ato/movimento mais rápido e executado com menor dificuldade, logo, mais instintivo.

 

2 – Quem matou?

Resposta: Pedro e Miguel como cúmplices. Qual matou ou se foram os dois, há poucas provas demonstradas no desenho, mas o certo é que ambos mentem ao dizer que viram Gabriel a suicidar-se e tudo indica que não foi suicídio.

Quem matou? Sei lá, não estava lá para ver :-), mas quem lá estavam era o Pedro e o Miguel.

 

 

PEDRO e MIGUEL

(Foto 03)

 

O Luís e o Ibraim, pouco dizem e como tal nada se lhes pode apontar. Já o Pedro ao dizer que viu “ele” a disparar referia-se à vítima, o Gabriel, ou com os nervos fugiu-lhe a boca para a verdade e ao dizer “ele” estaria a referir-se ao Miguel? :-)

Será que a ferida que tem na cabeça foi de uma possível luta de resistência com o Gabriel? E o Miguel é que disparou?

Será que foi uma ferida provocada pela saída do invólucro da bala ao sair da câmara no momento do disparo por este estar a segurar o Gabriel e o Miguel ter disparado e o Pedro em contacto físico com a cabeça junto do corpo do Gabriel tenha levado com o invólucro na tola?

Será que o Pedro se envolveu numa luta com o Gabriel e atirou contra ele e tem o Miguel como cúmplice?

 

 

WALTHER – “PISTOLA MILITAR”

(Foto 04)

 

Segundo a cena do crime, leva-nos a pensar que o crime tenha sido concluído com uma pistola, pois existe, assim parece, um invólucro no chão e a arma na prateleira parece ser uma pistola, modelo Walther e não um revólver, a diferença entra estas duas armas é que o revólver retém o invólucro no tambor (ou cilindro) e a pistola “cospe” o invólucro da bala. Antes de uma análise pormenorizada de todas as provas do crime podemos equacionar vários cenários possíveis, podemos ainda colocar a hipótese de a arma do crime ter sido até outra e ter sido feito um disparo para ficar no local do crime um invólucro da arma que estava no móvel …teria o Gabriel cometido o seu suicídio e como era um indivíduo muito arrumadinho, ter ido a correr guardar a arma no móvel?

 

Ah, ah, ah, (brincadeira). Ou ainda, e se houve outro tiro de pistola e foi levado o invólucro? Ou outro tiro de revólver para não deixar pistas (já que o revólver mantém o invólucro no tambor) e isto para quê? Perguntam os meus amigos. Pois é? É que segundo a lei, se forem efetuados 2 disparos com local de entrada da bala muito perto um do outro por dois tiros diferentes, tiros efetuados por mais de uma pessoa e que provoquem a morte de uma terceira, estes não são julgados por homicídio, mas sim por tentativa de homicídio, e a nível penal, a pena é menor.

 

Bom, parecem-me ser todos os cenários possíveis, mas conclusões, só com o trabalho de perícia balística e criminal, qual CSI :-)

 

Votos de saudinha da boa,

são os votos do:

Detetive Excalibur

 

EMOJI SORRIDENTE­

(Foto 05)

 

 

COMENTÁRIO do Blogue RO

NUNO Ki, o “Detective Excalibur” dos anos 80 e 90 da “Tertúlia Policiária de Almada” sentiu-se como “peixinho na água”… a solucionar este “Problema Policiário”… de certeza que sentiu uma alegria gigantesca ao fazê-lo! Acertou na mouche… em todos os pormenores equacionados e pretendidos pelo Autor (O Gráfico) e deu-nos uma “lição” sobre balística com dados muito interessantes que convém o Leitor mais atento, fixar, para mais tarde recordar… que poderão ser necessários para deslindar outros e futuros “casos policiários”… então, o pormenor do expelir de invólucro, em caso de pistola e revólver, sim e não, é… de Mestre! Muitos parabéns! Menção Honrosa… sem quaisquer dúvidas! Grande abraço. (RO)