🔎 Memórias do Policiário – 051 🔍
🕵️ O Gráfico
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📖 Edição Especial
= Clube Xis =
40 Anos!
Pesquisa de: O Gráfico
Colaboração de: FERMAN
mensário de desporto mental e literatura de mistério
N.º 13 * AGOSTO 1983 – ANO II
EDIÇÃO DA CASA DE CULTURA DA JUVENTUDE DE FARO
O Gráfico & Ferman – Policiário
Conforme prometido, na edição anterior, divulgamos três Problemas Policiários, com as respectivas Soluções, dos Autores “O Gráfico”, “Ferman” e “Camarada X” (Lanheses) este último, mostrando o desafio onde “O Gráfico” se iniciou na Decifração de Problemas Policiários!
SAUDAÇÕES POLICIÁRIAS.
Um Crime Entre Amigos
Original produzido por: O Gráfico
CAMPEONATO DE DECIFRADORES
1.ºs REGIONAIS * 2.ºs DISTRITAIS (3.ª Jornada)
= Clube Xis = N.º 13 * AGOSTO 1983 – ANO II
Problema Policiário – TIPO ENIGMA
U |
M dos casos mais difíceis de resolver pelo nosso conhecido e amigo Inspector Rodriguinho foi, sem sombras de quaisquer dúvidas, aquele em que a vítima, antes de expirar, desenhou numa folha de papel as letras M e A circundadas a preto, tendo entre elas um sinal de mais (+) e colocou em cima do mê uma estatueta romana dum busto de homem!!! Um enigma, sem dúvida! O Inspector decifrou a mensagem deixada pelo morto e prendeu a pessoa que assassinou o Arcanjo.
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Vejamos alguns apontamentos extraídos dos arquivos da Polícia Judiciária e que dizem respeito aos relatórios apresentados pelo Inspector Rodriguinho:
a) – O crime ocorreu em casa da vítima, Arcanjo, um jovem com 24 anos que Estudava e era Perito em Paleografia...
b) - Foi encontrado morto, deitado no chão, de barriga para o ar, com um projéctil de pistola encaixado no estômago...
c) - Perto do corpo encontrava-se a cápsula da bala, mas não se chegou a encontrar a arma do crime...
d) – A vítima, na mão esquerda, tinha uma caneta de feltro de tinta negra e, pelo que se deduziu, antes de falecer, conseguiu deixar uma pista numa folha branca de papel, situada em cima da secretária. Por certo, não quis escrever o próprio nome do criminoso porque o mesmo poderia voltar ao local do crime e descobrir a mensagem com o seu nome...
e) – A mensagem deixada pela vítima só o Inspector Rodriguinho sabe qual é!... Decorou-a e destruiu-a!!!...
SUSPEITOS:
f) – Todos eram amicíssimos da vítima.
g) – MANUEL ANTÓNIO, o “TÓ”; 23 anos, estudante de medicina numa Faculdade em França. Encontrava-se, naquele momento, de férias em Portugal.
h) – MÁRIO HIMMLER, o “ALEMÃO”; Filho de pai Alemão e mãe Portuguesa! 26 anos e Engenheiro de Construção Civil.
i) – MARIA CLEMENTINA, a “TINA”; Também Estudante de Medicina e namorada do “TÓ”! Em tempos namorava com a vítima mas estava prestes a casar com o MANUEL ANTÓNIO embora o Arcanjo nunca desistisse de dizer que ainda a amava... Tem 22 anos.
j) – EMÍLIO SANTOS, o “MILO”; Irmão de CLEMENTINA, 28 anos e exerce a Profissão de Tipógrafo.
l) – MANUELA GETRUDES, a “NELA”; 24 anos e Empregada de Escritório.
m) – JOANA EMÍLIA, a “MILA”; 23 anos e Estuda Direito na Faculdade.
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Estes são os elementos-base de que o Inspector Rodriguinho necessitou para resolver o caso! Serão os amigos Policiaristas capazes de decifrar a mensagem deixada pela vítima?...
PERGUNTO:
1 – QUEM ASSASSINOU?
2 – EXPLIQUE A DECIFRAÇÃO DO ENIGMA PARA CHEGAR A ESSA CONCLUSÃO.
CONVITE AO LEITOR!
As “Propostas de Solução” (Solução do Autor!) só serão divulgadas no final da publicação dos 3 Problemas Policiários... para que o Leitor tente decifrar os mesmos... antes de lê-las! Serve de entretenimento. São Problemas Policiários de fácil resolução, meramente dedutivos que recrearão de sobremaneira a mente do Decifrador após a descoberta prévia dos casos... e depois quando compará-las com as respostas dos Autores! Experimente.
O Gráfico
O Sofá “Assassinado”
Autor: FERMAN (Portimão)
Torneio “4 Estações 80” - Mini C – Verão
Problema n.º 3 – Secção: “Mistério... Policiário”
“Mundo de Aventuras” - 14 de AGOSTO de 1980
Problema Policiário – TIPO DEDUTIVO
A |
DONA MARGARIDA encontrava-se inconsolável… Não havia maneira de confortá-la por mais que se lhe dissesse ou fizesse. Pudera… Tinha encontrado um dos sofás de napa do conjunto da sala, todo traçado… Irremediavelmente traçado!
O senhor Paulino bem procurava acalmá-la, argumentando que, se o conjunto estava perdido, o remédio seria substituí-lo. Mas qual quê?... Nada a fazia demover do seu desalento.
Mas é melhor que se conte o que aconteceu para que compreendam o fio deste «drama caseiro»…
Quando, como de costume, a dona Margarida chegou a casa por volta das 6 horas da tarde, ao abrir a porta da saleta, encontrou tudo num desalinho tremendo. Mas suplantando a salsada que reinava de papelame e bugigangas espalhadas ao Deus dará, o que mais lhe despertou a atenção foram as três enormes farpadas em forma de Z que «decoravam» um dos sofás… É claro que, a desarrumação, apesar de enorme, tinha remédio… Agora aquele «trabalhinho» no sofá deixou-a com o coração aos pés.
Encontrar hipóteses para justificar aquela «obra» não era muito difícil para quem tinha quatro diabretes em casa… Suspeitos em potência não faltavam! As provas… Bem, as provas pareciam estar também à vista: um corta-papel do tipo daqueles que se usam nas capas para livros escolares jazia mesmo no assento do maltratado sofá. Para mais, no cabo da «arma do delito» encontrava-se gravado um V em letra francesa.
Aqui fazemos uma paragem para vos apresentar algumas particularidades que a dona Margarida conhecia perfeitamente nos seus filhos, mas que vocês, muito naturalmente! Desconhecem:
Vita – 7 anos. Muito retraída e premeditada por natureza, apesar da sua tenra idade. O corta-papéis pertencia-lhe por direito. Adorava estar sozinha a brincar ou a sonhar viagens pelo mundo seu conhecido dos mapas…
Pedrinho – 9 anos, cheios de vida e imaginação. Era um doido por coisas do «Tarzan», «Korak», «Zorro», «Sandokan», «Super-Homem» e quejandos. Nunca parava em casa…
Tóquinha – 4 anos. A «menina-dos-olhos» da família, não tanto por ser a mais nova mas pelo seu encanto contagiante. «Herdara» do mano Pedrinho a sua vivacidade. Gostava do «Xarlou» (como dizia…) e dos «Bonecos animados»…
Filipe – 12 anos. Um autêntico traquinas! Já tinha arranjado alguns problemas na vizinhança e era perito na especialidade do arremesso de pedras aos vidros alheios. As suas preferências inclinavam-se para o futebol e para o tiro-ao-arco. Forçosamente… Era fã do Armando Marques e do Robin-dos-Bosques…
Posto isto, dou de novo o comando da acção à dona Margarida… Não estava ninguém em casa quando ela chegou. Pouco depois entrou o seu marido que, encontrando-a naquele estado de depressão, procurou confortá-la. Foi nessa altura que nós chegámos…
Ao tomar conhecimento dos factos que tanto preocupavam a dona Margarida, o marido achou que o melhor seria, tirando partido de um certo bichinho detectivesco que o acompanhava desde a sua juventude, procurar deslindar a «chave» com os dados já conhecidos e com uma pitada de interrogatório. Mas para isso tinha ainda de esperar pelo jantar, altura em que estariam todos presentes.
E assim foi. O jantar decorreu normalmente (com a mãe a esconder mal a sua incontida vontade de pregar uma valente sova a todos e com o pai a fingir uma artificial naturalidade… e os quatro petizes a comer, com muito propósito). Quando todos acabaram de lavar as mãos o senhor Paulino (o pai claro!) chamou-os e disse-lhes:
– Meninos e meninas, quero mostrar-lhes uma coisa. Venham comigo!
Claro que a reacção a este convite foi bastante diferente dentro daqueles quatro cerebrozinhos… Havia quem receasse o pior; havia quem morresse de curiosidade; havia quem achasse que estavam a roubar-lhe um tempo precioso para fazer umas traquinices e também havia quem estivesse com um sono terrível!...
Foram todos atrás do pai até à saleta e aquele convidou-os a entrar, dizendo-lhes:
– Meus filhos, o pai quer a verdade! Não castigarei o autor daquela obra – e mostrava o sofá «assassinado»… –, mas quero que me digam quem foi. Melhor, que o autor me diga confessando porque o fez e como o fez. Se ninguém se acusar, pagam todos! – Este método detectivesco não é muito académico, mas…
Aquela maneira de ir directamente ao assunto repercutiu-se instantaneamente nos quatro suspeitos… e uma mãozita que cometera aquela «atrocidade» e que regressava ao local do crime perante condições tão extremistas, tremia que nem uma espiga de trigo em tarde de ventania… O pai não ficou insensível mas continuou:
– O que fizeram esta tarde?
Vita – Paizinho, eu fui para a escola e cheguei há bocado! Mas… olha! A minha faca do papel!!! Por isso eu dera pela sua falta!...
Pedrinho – Esta tarde… Ah! Tinha uma reunião no meu «Clube de Sandokans» e estive lá a tarde toda.
Tóquinha – Eu não fui, papá!... Quero ir «dolmir»!
Filipe – Eram aí umas quatro horas quando vim a casa, com o Paulo aqui do prédio, e estivemos a fazer uma nova fisga. Pareceu-me ouvir um sarrabulho aqui em casa mas não liguei, nem dei mais atenção, interessado como estava com a fisga. Saímos pelas 5 horas.
O pai nem pareceu estar a ouvir as desculpas… Para quê, se ele já sabia quem tinha sido o «assassino»?!...
PERGUNTA-SE:
1 – Quem acha que podia ter praticado aquela acto «violento»?
2 – Explique bem o seu porquê. Vá lá!...
Roubaram as Jóias ao meu Patrão...
Autor: CAMARADA X (Lanheses)
Torneio “4 Estações 80” - Mini C – Verão
Problema a PRÉMIO! – Secção: “Mistério... Policiário”
“Mundo de Aventuras” - 17 de JUNHO de 1976
Problema Policiário – TIPO DEDUTIVO
A |
MANHECIA. O Inspector Gomes, acabava de entrar em casa acompanhado do inseparável Sargento Gonçalves depois de uma noite passada a resolver um intricado caso. Ouve-se a campainha da porta da rua a tocar com força.
«Mais trabalho» – pensa o Sargento. E foi abrir.
Era um homem já de idade, que perguntou pelo Inspector.
Este veio atender, e ouviu esta história contada rapidamente pelo aflito homem:
– Ainda bem que o encontro em casa, sr. Inspector. Deu-se um roubo na casa dos meus patrões… que estão ausentes… e só eu fiquei a guardar a casa… Roubaram a valiosa colecção de jóias do meu patrão… Por favor, venha ajudar-me…
– Bem, iremos já… Espere um pouco…
E pouco depois, acompanhado pelo Sargento Gonçalves, chegou o Inspector ao local do roubo. Era uma casa de estilo antigo, muito alta, de paredes lisas, sem arabescos nem heras…
– Conte-me, agora, tudo o que sabe sobre o assalto… – pediu o Inspector Gomes ao criado, um tal Baptista, segundo afirmava. E antes de entrarem…
O Sargento de livro em punho preparou-se para os apontamentos habituais.
– Ouviu um ruído – começou o homem. – Verifiquei serem 3 horas da madrugada… Vim à janela daquele primeiro andar, e à luz do luar, vi um homem a descer por urna corda… É essa que o sr. Inspector vê e que está presa à varanda do andar de cima. O ladrão não entrou por outro lado. Com certeza teria conhecimento do sistema de alarme que o patrão mandou instalar antes de se ausentar.
– Porque não telefonou logo para a Polícia quando viu o ladrão a escapar-se? – perguntou o Inspector Gomes, interrompendo-o e olhando à volta, procurando pegadas…
– Foi o que logo pensei, sr. Inspector… mas o assaltante cortou a linha telefónica… assim tive de esperar pela manhã para o avisar.
O Inspector Gomes continuou a observar tudo atentamente. Sim, lá estava a grande corda, da varanda de cima, segundo andar alto, até ao chão e o fio do telefone cortado, sob a mesma varanda. Tudo parecia confirmar as afirmações do criado.
– Inspector… Vamos lá dentro? – observou o sargento. – Pode ser que encontremos lá a pista que nos falta para desvendar este caso… que parece que vai ser escuro?...
Mas perante o espanto do sargento, o Inspector Gomes afirmou:
– Essa pista já eu a tenho… Só nos falta… Bem, bem…
1 – Qual seria a «pista» do Inspector?
2 – Porquê? Faça a sua dedução.
Solução de:
UM CRIME ENTRE AMIGOS
Por: O Gráfico (Almada)
1 – Quem assassinou foi a JOANA EMÍLIA, a “MILA”, 23 anos e Estudante de Direito na Faculdade.
2 – Eis a explicação do Enigma...
Dado que a Estatueta Romana só se encontrava em cima da letra mê, e porque ambas as letras deixadas pela vítima estavam separadas por um sinal de mais (+), então, deduzimos que o mê terá que ser considerado em NUMERAÇÃO ROMANA!!! Logo, o mê indica MIL em números Romanos!!! Ora, “MIL” + A = MILA!!!
Simples! Está encontrado quem matou.
Solução de:
O SOFÁ “ASSASSINADO”…
Por: Ferman (Portimão)
1 – O autor da façanha foi o Pedrinho.
2 – Quem, se não ele, iria brincar aos Zorros de trazer-por-casa… e assinar com o justiceiro «Z» o «castigo» que no seu «acto» acabava de cometer?...
A Vita iliba-se facilmente pois a sua justificação para o período em que foi cometido o «assassínio» pode ser facilmente provada por muitas testemunhas.
O Filipe seria bem capaz de «cometer tal proeza» se, por exemplo, o Pelé, o Robin-Hood, o Eusébio ou o Armando Marques assinassem com um «Z»… Para além disso estava por alturas do delito absorvido na confecção de um dos seus «instrumentos» favoritos… de tal maneira que, é muito bem possível ter ouvido «um barulho», mas não lhe ligar mais.
A pequena Tóquinha não possui nem condições naturais nem tão-pouco nenhum móbil conhecido que a levasse a tal acto.
Assim, anulados os outros, temos que Pedrinho inventou a história dos «Sandokans» para, entretanto, justificar o tempo que passou em casa lutando na saleta com os «invasores domiciliários»…
Solução de:
Roubaram as Jóias ao meu Patrão!
Por: Camarada X (Lanheses)
1 – A pista que o Inspector tinha, era precisamente a corda.
2 – Porque, vejamos:
a) …casa MUITO ALTA, de PAREDES LISAS, sem ARABESCOS nem HERAS… (sic).
b) …fio do telefone cortado, sob a mesma varanda (sic).
c) …diz que viu um homem a descer por uma corda.
a) Se, como dizia o mordomo Baptista, o ladrão não entrou por outro lado, como conseguiria ele, prender a corda na varanda do 2.o andar?... Segundo ainda o mordomo, a corda encontrava-se presa, logo se deduzindo que não foi lançada de baixo com nenhum gancho. Além de que isso seriam métodos para castelos medievais e não para roubos, devido ao barulho que provocam.
Portanto, se o autor do problema, se empenha em nos focar, que a casa era alta, aliás muito alta, não tinha arabescos (reentrâncias, cornijas, algerozes, etc.) e que também não tinha plantas trepadeiras, nomeadamente as heras, já o faz com intenções de chamar a atenção ao solucionista para a impossibilidade de qualquer entrada por fora.
b) O fio do telefone cortado debaixo da varanda também se encontra muito mal encenado, pois que é extremamente difícil cortar um objecto fixo «debaixo de urna varanda», quando uma pessoa se encontra suspensa de uma corda atada à mesma...
Experimentem e digam-me. Ficam quase a dois metros da parede que fica sob a varanda.
c) Quem desce por uma corda, «carregado» de 2 coisas: o medo e o produto da «colheita», não espera para chegar completamente ao solo… Saltará um ou dois metros antes, para se safar o mais rapidamente possível. E então, se por acaso for descoberto quando vem na viagem, mais rapidamente e talvez de mais alto, o faça!
Pergunta-se: onde estão então as pegadas deixadas, ou que deveriam estar, bem vincadas?
Na falta de imaginação do mordomo Baptista? Só se for aí! Foi pena.
Uma encenação nada digna, de quem (como eu), usa tão ilustre nome – BAPTISTA.
“Proposta de Solução” de Autor desconhecido!
AS Memórias do Policiário – O Gráfico agradecem ao Site “CLUBE DE DETECTIVES” de DANIEL FALCÃO, a disponibilidade de consulta bibliográfica respeitante aos Problemas Policiários de “Ferman” e “Camarada X” -um “Sítio” repleto de “Relíquias Policiárias” de muitos e variados Autores onde o Leitor interessado poderá fazer facilmente uma “visita” e documentar-se sobre a MAIS-VALIA da Problemística Policiária em Portugal!
http://clubededetectives.pt/
Blogue RO – 14 de AGOSTO de 2023
https://reporterdeocasiao.blogspot.com/
MTR
ResponderEliminarReconheço que eram tempos eram de nos meter inveja na área da de Descobrir os segredos policiários eram muito interessantes e o nossso RO não perdeu o hábito. Parabéns RO