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Cantinho do
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O Gráfico – RO
– Seguidor n.º 212 -
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“Estimado Amigo e Confrade!
Paz com muita saúde!
Foi com muita alegria e emoção que recebi a Vossa magnífica prenda para a qual não tenho palavras para a agradecer a Vossa tão singular, mas espectacular iniciativa.
Muito obrigado pela gentileza, surpresa, pela consideração, e pela memória que me fez recordar outros tempos.
Se não me levar a mal, gostaria de lhe fazer uma pequena resenha do meu percurso enquanto charadista e policiarista.
Nasci em 27 de Junho de 1961 (curiosamente o confrade Arjacasa nasceu um dia depois a 28, do mesmo ano, pelo que sou mais velho que ele 1 dia.) eu na cidade de Guimarães ele, penso em Valpaços.
Eramos muitos irmãos e uma família muito humilde. Só o meu pai trabalhava. No entanto em minha casa, desde que me lembre, havia livros em todo o lado. O meu falecido pai, que era um charadista muito conhecido (Dino Avlis) era um leitor compulsivo e lembra-me de o ver a ler até às tantas da manhã, à luz do candeeiro. É verdade, nos primeiros anos, na nossa primeira casa, não tínhamos ainda luz eléctrica.
Mas sim, na minha juventude encontravam-se livros de banda desenhada em todo o lado da casa, na sala aos pontapés, nos quartos, até na cozinha e no WC, eram livros do Walt Disney, muitos do Mundo de Aventuras, O Condor, O Ciclone, O Mosquito, etc, etc. que eu, o meu pai e o meu irmão mais velho, Gaspar, comprávamos gastando por vezes o último tostão. Nesse tempo os meus heróis preferidos eram o Fantasma, Mandrake, Tim Tyler e Major Alvega.
No meio de tudo isso muitas revistas de cruzadismo e charadismo.
Já nesse tempo adorava livros policiais e nutria simpatia por Ellery Queen e Agatha Christie. Os livros da colecção "Vampiro", devo tê-los lido quase todos pois abundavam em minha casa.
Tanto eu como o meu irmão mais velho, adorávamos os livros policiários e até discutíamos eventuais finais. Depois os policiários na televisão. "Longstreet", "O Olho Vivo e "O Santo".
Um dia, tendo eu e o meu irmão Gaspar saído da casa familiar, a minha querida falecida mãe, não sabendo o que fazer a malas e malas de "livralhada" teve a infeliz ideia de, um dia, fazer com tudo uma enorme fogueira...
Após a partida do meu pai, apenas eu assumi seguir as suas pegadas no Charadismo, mas nessa altura, já frequentava as festas de charadismo, onde também conheci, nesses encontros outros policiaristas, na altura, muito famosos, como o caso do nosso amigo "Sete de Espadas" ("Tharuga") que conheci num encontro em Setúbal, já não sei em que ano.
Sei que o “Sete” era amigo do grandioso charadista "Sadino".
Curiosamente o meu caminho enquanto charadista, inicialmente, bifurcou-se com o policiarismo e na década de oitenta e noventa contactei com alguns policiaristas: O Abrótea (agora Visigodo) foi o meu padrinho nesta arte, depois o M. Lima. Mas o meu grande mestre do policiário, que me ensinou algo, foi o "Faria" de Évora, o "Homotaganus".
Com ele trocava ideias sobre policiarismo e é por isso que hoje não sou propriamente um caloiro.
Também conheci o Hortonólito, de Coimbra, e de Lisboa o Einstein, o Newton, o Delgas e o Ubro Hmet. Chegámos a fazer parceria como Grupo em secções policiárias. Uma época em que havia muita juventude e dinâmica policiarista e charadística. Lembro-me bem do "Fisgas" de Pevidém, aqui perto de Guimarães.
Nesta fase já participava nas Tertúlias Charadísticas em Guimarães feitas pelo NEV (Núcleo Enigmístico Vimaranense) famoso Grupo Charadístico composto por Agosmargon, Corsário, Odanair, Laurentino, Biscos, Jani, entre outros.
Em 1999 mudei-me de Guimarães para a cidade de Braga onde vivo desde então, mas continuo a ser um "Vimaranense" de gema. Os afazeres profissionais e familiares afastaram-me durante uns anos destas lides e só voltei em 2000 quando fundei em Braga com o confrade Aleme o "Ecos de Braga". Desde então dediquei-me só ao Charadismo.
Ultimamente foi o confrade amigo Arjacasa que me arrastou e me fez voltar a participar no policiarismo, o que fez com que tivesse regressado com o pseudónimo de "O Pegadas".
Estamos neste momento a avaliar a possibilidade de integrar uma secção policiária nas revistas actuais de Charadismo, tanto no "Ecos de Braga" como em "O Charadista" como forma de incentivar a arte charadística através da dinâmica do policiarismo. Vamos ver no que dá...
Quanto ao Conto, sim, sempre gostei muito de contos, e gosto de os apreciar e analisar. Sempre fui um homem de Letras e a leitura e escrita fazem parte do meu dia a dia.
Em anexo tomo a liberdade de Vos enviar três contos de minha autoria escritos já há algum tempo e que assino como Augusto Pais.
Agradecendo de novo toda a Vossa atenção, muito obrigado pela agradável surpresa.
Deste Vosso amigo,
O Pegadas
Olidino
Conto
CAMÕES VIAJA ATÉ AO NATAL DO SÉC. XXI
O Náufrago
Era véspera de Natal. A manhã desse dia apresentava-se morna, clara e serena. Um dia excecional para dar um passeio na praia.
Nessa aprazível manhã, Álvaro deu a boa notícia ao João, “Vamos passar a manhã na praia, talvez até almocemos por lá…”, Amélia anuiu e o João deu um grito, “Vamos!”.
A praia estava deserta, e o mar tranquilo lambia ávido, a areia, deixando laivos de espuma.
O João, era um rapaz corajoso, destemido e que gostava de explorar os lugares. A vastidão de toda a praia e a grandeza do mar despertava o seu espírito observador.
Enquanto Álvaro e Amélia permaneciam juntos na pequena toalha de praia, que previamente tinham estendido na areia, o João dirigiu-se para uma pequena rocha que a maré baixa tinha deixado a descoberto. Chegou-se ao pé e logo estacou, surpreso, conseguindo abafar uma espécie de grito, que de súbito lhe veio à garganta. Pensou: “parecia o corpo de uma pessoa”, e logo, no seu estonteante embaraço, deu o alerta, “Pai! Pai! Está ali um homem… está ali um homem…”, e deu a correr para junto da mãe.
- Pai! Está ali um corpo deitado que parece uma pessoa…
- Anda comigo, vamos lá ver o que é! – exclamou Álvaro.
Com o filho pela mão, Álvaro aproximou-se do corpo cuidadosamente e confirmou que, de facto, se tratava de uma pessoa estendida de costas, vestida e aparentemente inerte. Rapidamente se apercebeu que se tratava de um homem, que vestia uma camisa branca justa ao corpo, e quase desfeita, e calções também brancos em forma de balão pelo meio da coxa. A seguir observou o corpo inanimado com cuidado, e encostando o ouvido à boca verificou que, apesar de débil, ainda respirava. O homem deveria estar extenuado, e já sem forças para se mexer, mas o facto é que ainda estava vivo. Aguardou uns segundos, e, repentinamente, o náufrago inspirou uma golfada de ar, vomitando água de seguida, após o que se seguiu uma tosse convulsa. Álvaro aguardou até que o indivíduo reanimasse e regularizasse a respiração. Alguns segundos depois abriu um dos olhos.
Amélia e João tinham acabado de chegar, e olhavam agora pasmados para o homem nos braços de Álvaro, e que agora, já sentado, atónito e confuso, tentava falar. Foi então que balbuciou, “Onde estou? Onde está a arca?...”
- Calma, você está a salvo! Vá lá respire bem. Uma arca? Que arca? – Álvaro reparou também que o indivíduo não conseguia abrir o olho direito, provavelmente devido a algum ferimento. “Consegue lembrar-se de algo”? - perguntou Álvaro.
- Que lugar é este? Fui apanhado numa grande tempestade e estive vários dias a navegar sem destino, até que perdi os sentidos. Mas, onde está a arca que trazia comigo?
- Você está aqui na praia da Glória. Eu, a minha mulher e o meu filho demos consigo aqui a revolver na água! – disse Álvaro.
- Glória, onde, em Portugal? Procurem a minha arca por favor!
Foi então que, João, olhando para perto do rochedo onde encontrara o homem, gritou, “Sim! Pai! Está ali algo a boiar”!
- Então? Quem é você? Como posso ajudá-lo? – insistiu Álvaro.
- Eu sou Luís Vaz de Camões, chamem por favor alguém da corte de El-rei D. Sebastião!
Digam-lhe que a nau Sta. Clara naufragou.
- Como!? Camões! D. Sebastião! Você está bem? Deve ter batido com a cabeça nalgum lado… e está só a dizer disparates. – e continuou:
- Você está a delirar… vou chamar uma ambulância, e logo o levarão para o hospital.
- Ambulância, hospital, que é isso, não! Quem são vocês? Eu não tenho família, há muito que viajo sozinho pelo mundo! – disse então irritado o náufrago.
- Encontrei! - disse Amélia, - “Sim! Está ali algo parecido com uma pequena arca” - com entusiasmo correu um pouco, e achou a boiar numa reentrância, uma pequena arca preta em madeira, com ornamentos prateados e fechada com uma espécie de cadeado. Amélia mostrou a arca a Álvaro que a olhou com intensa curiosidade.
- De facto é muito estranha. Esta arca deve pertencer-lhe. – “Eis a sua arca, caro senhor”!
O João, que estava atento a tudo o que se estava a passar e muito entusiasmado disse:
- Vamos levá-lo para nossa casa, assim, se não tem família e está perdido, poderá passar o Natal connosco. Vamos pai, ele deve ter muitas histórias para contar!
- Diga-me? Então você não tem ninguém a quem se possa ligar? Um familiar, um amigo! - perguntou já agastado Álvaro ao desconhecido.
- Não! Já lhe disse. Estou só no mundo e a nossa nau naufragou a caminho de Portugal!
- Você está a delirar homem! O melhor é levá-lo à polícia e lá você conta tudo.
- Não, não sei o que isso é! Mas por favor não me façam mal. Agradeço que me levem a El-rei e serão bem compensados por isso… e… obrigado por me terem salvo!
- O homem está fora de si e não sabe o que diz. O que fazemos Amélia?
- Vamos levá-lo para nossa casa, parece-me boa pessoa e vê-se que está perdido, em casa poderá secar-se, comer, beber, e quem sabe, poderá recuperar a memória e, então, logo veremos o que fazer…
- Sim! Pai! Vamos levá-lo para casa, quem sabe ele não será até o Pai Natal que vem para passar o Natal connosco? - atalhou o João.
- Está bem! Estará melhor em casa, – disse Álvaro virando-se para o desconhecido, “Vamos levá-lo para a nossa casa onde poderá recompor-se, e como estamos na véspera de Natal, se desejar, poderá passá-lo connosco. Já que diz que não tem família!
- Natal! Que Natal! Peço-lhes só que me levem à presença de El-rei! – pediu o náufrago.
- Consegue andar? Vamos! Levante-se! Em casa conversaremos melhor e… tome, pegue lá na sua arca.
Amparando-o com os ombros caminharam os quatro pela praia até ao local onde Álvaro tinha deixado o veículo. Enquanto caminhavam, Álvaro perguntou ao náufrago se tinha algum ferimento na vista.
- Não! - disse. – “Ceguei desse olho. Fui ferido numa batalha em Ceuta”!
- Oh! Homem! - retorquiu Álvaro, – “Você está com a paranoia que é Luís de Camões, a nau, D. Sebastião, o olho cego, a seguir diz que tem os «Os Lusíadas» nessa arca!”, as viagens no tempo ainda não existem! – e acrescentou:
- Isso é impossível homem! Camões faleceu há mais de 500 anos! Nós estamos em 2024.
- Como? 2024? Que ano é esse? Devo ter morrido e, sim, estou noutro mundo – disse circunspeto o desconhecido.
Ao aproximarem-se do veículo o desconhecido estacou de repente:
- Que coisa é essa, não, não vou entrar aí! O que é isso?
- Ó! Homem! Você está mesmo mal. - Álvaro percebeu que o melhor seria alinhar na história do desconhecido e tentou entrar no seu jogo, “Não tenha medo, entre! Este é um coche dos modernos, sente-se aí atrás, com o João!”
O desconhecido entrou com relutância, hesitou, estava estupefacto, e mal o veículo se pôs em andamento, estremeceu, teve uma tontura e desfaleceu…
Chegados a casa, Álvaro e Amélia repararam que, afinal, o náufrago tinha caído num sono profundo, por isso deitaram-no numa das camas do quarto de hóspedes.
- Pode ser que quando acordar já esteja fino! E então possamos contactar com algum familiar. Ele nada tem com ele, que o identifique. Só carrega aquela arca a que tanto se agarra!
- Vamos ter calma e deixá-lo dormir. – disse Álvaro.
Na hora de se juntarem à mesa para comemorarem mais um Natal, Amélia entrou no quarto e viu o náufrago de pé, de boca aberta, de olhar perdido pelo quarto, como se tudo fosse estranho para ele, num misto de pasmo, temor e curiosidade.
- Mas onde estou? Que é tudo isto? Como vim aqui parar? – balbuciou o estranho.
- Homem! Vejo que já está recuperado. Possivelmente pode estar com amnésia e não se recorda de nada. Mas venha… venha para a sala, daqui a pouco vamos jantar e teremos muito prazer em que passe este Natal connosco. Nós somos gente humilde! Eu sou Amélia e o meu marido chama-se Álvaro, e quem o encontrou na praia foi o nosso filho João. Mas de certeza que não se lembra de nenhum familiar, uma irmã, um amigo… enfim alguém que possamos contactar? – insistiu Amélia.
- Já disse que estou só neste mundo. Embarcamos na nau Sta. Clara de Moçambique para Portugal e naufragamos logo a seguir ao cabo Bojador. Mas consegui salvar “Os Lusíadas”!
Ao entrar na sala de jantar o desconhecido estacou. Todas aquelas luzes, a dos candeeiros, as luzinhas do pinheiro e do presépio de Natal, deixaram-no agora ainda mais estarrecido, num misto de aturdimento e incredulidade.
- Pois se o Senhor diz que é Luís de Camões, será tratado por Luís de Camões. Mas, desde já lhe digo, que nos encontramos no ano de 2024, na cidade de Braga, em Portugal, e fomos encontrá-lo naufragado na praia da Glória a 300 km de Lisboa! – afirmou Álvaro.
Momentos depois, Amélia chamava todos para a mesa.
Já reunidos à mesa, o João, sempre muito atento e curioso perguntou então ao pai, “Quem é que foi Luís de Camões e o que são «Os Lusíadas»”?
- Filho, Luís de Camões foi um grande poeta nacional que escreveu parte da história de Portugal. “Os Lusíadas”, são um conjunto de poesias escritas por ele, e que contam a descoberta do caminho marítimo para a Índia. Camões usou deuses romanos para tornar a história mais interessante, relatando a coragem e a audácia dos Portugueses naquela proeza heroica!
O náufrago olhava para Álvaro e ouvia, admirado e circunspeto. Como conhecia ele toda aquela história? Acabara de naufragar, andara no mar à deriva e era já considerado um herói nacional? Como sabiam tudo aquilo!
Amélia atenta à conversa acrescentou:
- Além disso, João, “Os Lusíadas” que Camões dedicou ao rei D. Sebastião, inspirados no passado glorioso de Portugal, constituem hoje a identidade do nosso povo, o povo português. E Álvaro concluiu, “João! É como o Natal que é uma festa de família, uma tradição que serve para reforçar os laços familiares entre todos os povos. Assim, também Camões e “Os Lusíadas” formam a identidade cultural do nosso Portugal!
Naquele momento, o náufrago, muito lentamente, levantou-se e dirigiu-se ao quarto e, de lá, trouxe consigo a pequena arca que poisou em cima da mesa. Este, levou uma mão ao pescoço donde saia um pequeno fio, com uma chave na ponta. Com essa chave abriu o cadeado da arca. Ouviu-se um som seco, de algo a destrancar, e a arca abriu-se subitamente deixando a descoberto no seu interior, algo parecido com um documento dobrado. Tratava-se de um volume enrolado com páginas de pergaminho. Na capa, em couro, numa caligrafia perfeita podia ler-se: “Os Lusíadas”.
Braga, Março de 2023 Augusto Pais
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