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domingo, 21 de setembro de 2025

🎓 Borda D`Água do Conto Curto - ☝Edições Fora da Lei 🗝 4.ª EDIÇÃO - ANO 2025 -- AUTORES Desconhecidos ❕

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O PRIMEIRO CRIME

   Este é mesmo o pior mês do ano. É pior do que péssimo! É o mês do recomeço das aulas. Abomino a escola, odeio as aulas e detesto os professores e colegas! Sempre foi assim, desde sempre foi assim. No início e até agora, ao 12º Ano.

O calor abrasador de agosto entra por setembro e nem o equinócio que marca o início do outono afasta o tempo quente e a vontade de ar livre, mar e praia.

Temos a abertura do novo ano letivo. A antecipação em uma semana, por decreto governamental, rouba a todos uma semana de férias, sem direito a compensação. E é por isso mesmo que este ano será diferente. Inesquecível. Chego à escola de bicicleta, a bem do ambiente, e prendo-a com o cadeado no local próprio. Apesar da hora matinal, está já um calor insuportável. Alguns que passam por mim reparam com estranheza no volume da mochila que penduro no ombro. Hoje é dia da sessão solene e não é suposto carregar mochilas. Mas eu não quero estar aqui e tenho outros planos em mente. Sei que vou transgredir e infringir as normas. Vou cometer um crime. Irei abrir a mochila com cuidado...

***

Abro a mochila com cuidado... retiro o boné, o livro, o lanche e a toalha de praia   Deito-me de barriga para baixo. Pela primeira vez falto à cerimónia de abertura onde me é sempre entregue o Prémio de Mérito e Excelência, pelo meu desempenho no ano letivo anterior. Este setembro troco a escola pela liberdade e pela tranquilidade de uma manhã bem passada com areia, sol e mar. Este é o meu primeiro crime.

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O CAIR DAS FOLHAS

     Há coisas inacreditáveis! O Saraiva tinha acabado de passar à reforma compulsiva, por desvio de pequenos valores monetários, quando ganhou uma quantia apreciável num prémio da raspadinha especial. O homem era viúvo há vários anos e não tinha familiares próximos. Resolveu investir nas duas coisas de que mais gostava – viagens e palavras. Palavras? Sim. O senhor Saraiva tinha uma curiosidade patológica pelo significado e pela origem das palavras. No fundo, tinha alma de lexicógrafo (se não sabem o que é, consultem o dicionário).

Durante três meses viajou pelo país. Não importava o destino — uma capital de distrito, uma cidade mais pequena ou até um lugarejo quase desconhecido. Só era indispensável que tivesse uma biblioteca, com um bom acervo de dicionários e enciclopédias. O senhor Saraiva visitou e frequentou tudo o que conseguiu, sempre educado, atencioso e discreto. Depois da sua passagem por esses locais, dos melhores livros consultados sumiam-se as folhas onde constavam as entradas das palavras arroio, alógrafo, calhandro, filáucia, holónimo, parálio, prosélito, sesmarias... e mais algumas que faziam parte da colectânea que o senhor Saraiva se propusera construir.

Essas folhas, arrancadas com precisão cirúrgica, deslizavam tranquilas para os bolsos do casaco do senhor Saraiva. Quem suspeitaria do viúvo tímido e solitário, que partia sempre de mãos vazias?

Afinal, o senhor Saraiva era um genuíno léxico-cleptomaníaco!

 

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»»» A PRÓXIMA EDIÇÃO, de "🎓 Borda D`Água do Conto Curto - Edições Fora da Lei 🗝 4.ª EDIÇÃO - ANO 2025 - AUTORES Desconhecidos❕" voltará ao convívio dos Leitores, com a publicação dos Contos de Novembro e Dezembro, no próximo Domingo, 28 de Setembro!


 

👌 FELIZ Domingo!


📔BOAS Leituras!

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