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RAPOSO
Aquela noite de 8 de Setembro escoava-se lentamente, derretida pelo forno de calor que tinha assado todo o dia.
Sentado no cadeirão, totalmente às escuras, pois as janelas continuavam bem fechadas para tentar evitar a entrada daquele bafo a ferver, um homem estava hesitante entre fechar os olhos e passar pelas brasas (normalíssimas numa noite tropical destas) e resistir heroicamente, recordando velhos tempos – outras terras, outras farras, outras … cala-te, boca!
De repente, o homem estremece. A porta abriu-se e entra uma figura vestida de negro com traços, bolas e losangos luminosos a vermelho…
Movimentava-se com gestos surreais, dava saltos acrobáticos e … ó deuses … trazia uma arma, também luminosa, que fazia lembrar as espingardas de caça submarina, com um punho curto e um cano longo!
– Figura … Figura … quem és tu?
– Ninguém! Ninguém se nem já tu me conheces…
Sou a tua consciência e venho vingar todos aqueles a quem fizeste mal. Passaste a vida a criar assassinos, ladrões e mentirosos:
Puseste uma enfermeira com hepatite a matar um gajo à facada, o que, como sabemos, é impossível pois elas são tão dedicadas que nem greves fazem; colocaste a Fatinha a matar o marido mas o tio a safar-se por ter apanhado um juiz amigo da tropa, o que é uma infâmia pois eles só perdoam aos homens que dão porrada nas mulheres; ousaste pôr alguém a matar ao som do Bolero de Ravel, quando esta música só existe para ser dançada pela Bo Derek; atreveste-te a pôr bandeiras do Glorioso e recordar um seu treinador campeão europeu em problemas; mas, sobretudo, foste cúmplice da morte da Nelinha, essa deusa que desceu do Olimpo ao policiário português…
O mundo clama vingança! Vou fazer justiça!
O homem, petrificado, perdeu a voz quando ouviu o gatilho a disparar! Do cano saiu uma bandeira luminosa vermelha, com letras brancas
– PARABÉNS, RAPOSO! Um abraço do Tempicos.
Abrem-se porta e luzes. D. Lena entra com um bolo de duas velas (não haveria bolo que desse para tantos anos). Atrás dela, vinham todos os melhores amigos (vivos ou só os de recordação) do aniversariante. Começam a cantar o Parabéns a você…
Mas o homem sentado faz um gesto de silêncio. Recupera a voz e geme:
– Saiam da frente! Saiam da frente!!! Tenho de ir à casa de banho, mas acho que já lá não chego a tempo…
Zé
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MORAL DA HISTÓRIA
A IDADE TUDO DESGASTA, E AÇOR VELHO NÃO VOA ÀS ÁGUIAS
UM DEDÃO ESPECIAL QUANDO SURGE OUTUBRO
Nasceu em outubro, em casa de seus avós paternos, e guarda lembranças muito nítidas desse momento. A primeira imagem que retém do seu nascimento é de uns delicados pés desnudados ao fundo de umas compridas e alvas pernas bem torneadas, escancaradas para ajudar a dar ao mundo uma nova vida. Com a fome que trazia, fixou--se no dedo grande de um daqueles pés. Debruçou-se de boca aberta sobre ele, mas a velha parteira impediu-lhe a concretização da intenção. Soergue-o até junto das suas desmesuradas tetas descaídas sobre o avultado ventre e deu-lhe uma valente palmada no rabo, que o levou às lágrimas. Porém, o que lhe doeu mais não foi a palmada sofrida, mas o dedão perdido aos pés da cama onde sua mãe descansava. Chorou mais pela frustração a que foi sujeito do que pela dor sofrida. Um dedão assim exposto não se nega a ninguém, muito menos a uma pobre alma faminta acabada de ver a luz do dia.
Longe de constituir um trauma, esta sua fixação na sucção dos dedos grandes dos pés foi-se tornando numa fetiche que se prolongou por toda a vida, perdurando até aos dias de hoje, passadas que são mais de seis décadas. Nos primeiros anos da maioridade foi quando teve mais dificuldade em satisfazer esta pancada por dedos dos pés. Ao princípio, não havia quem percebesse esta sua estranha fixação e se dispusesse a satisfazer os seus intentos, mas aos poucos foi encontrando quem não levantasse grande objeção em ajudar a minorar os efeitos de abstinência da sua tara. Até que, finalmente, casou e ganhou dois dedões só seus, sempre à disposição dos seus desejos, a qualquer hora, ao despertar de cada dia, antes da sesta ou ao anoitecer, após o culto da telenovela ou da ida ao teatro ou ao cinema. Porém, agora, com o passar dos anos, a sua cara metade já não basta para acalmar os seus ímpetos e decidiu procurar ajuda fora de casa.
Os tempos de praia são os mais propícios a encontrar quem o ajude a ultrapassar o problema. Depois de escolher o dedo que mais o seduz, explica o seu drama ao titular do dedão em causa e são raras as pessoas que não se condoem com o caso e aceitam sujeitar-se a esta experiência. Os dedos sugados na praia dão-lhe um prazer duplo. O sabor a sal torna a sucção mais agradável. Melhor ainda são os tempos das vindimas. Quando a chega o momento da pisa da uva, que ele promove no início de outubro, num terreno de sua propriedade, convida alguns amigos e são poucos os que não dizem presente. No fim da jornada, suga dedo atrás de dedo, até se saciar. Invariavelmente acaba mole de tanto chuchar dedos embebidos em vinho, deitando-se depois debaixo de uma árvore, onde curte a bebedeira num sono profundo. Um sono bom, onde sonha sempre com um dedão especial disposto a ser sugado pela sua boca faminta de desejo!
Inspetor Boavida
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MORAL DA HISTÓRIA
CADA UM COME DO QUE GOSTA

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