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VÁ-SE LÁ SABER PORQUÊ…
(Conto curto de ticharte de manga à cava.)
Tudo o que sabemos é que a sora Hermengarda trazia a filha de rédea curta.
Não é por nada mas a sua filha, a Isaltina, era danada para a brincadeira. Não podia ver uma farda que perdia a cabeça. Perdia a cabeça e perdia-se de amores.
Sora Hermengarda fazia de polícia, de gêenerre e de guarda noturno.
Até na missa a maluca da Isaltina arranjava forma de se baldar com o sacristão. Não era a primeira vez que saía pela esquerda baixa e dali era um pulinho até à sacristia, onde Sebastião um mocetão nas suas vinte e cinco primaveras respirava hormonas de cavalo cansado.
Hermengarda ajoelhada perante Santa Filomena, a casadoira, rogava a Deus que a moça não perdesse a cabeça e o resto de enfiada. Estas coisas mesmo que não dê logo frutos, começam a constar e a passar de boca a orelha: olha que a Isaltina dá a sua cabeçada.
E, Hermengarda sabia de experiência feita que um boato vale mais que mil palavras.
Com ela dera-se o mesmo e só o paspalho do marido não dera por nada, que Deus o tenha.…
Um dia apareceu-lhe lá por casa um primo afastado, que tinha andado embarcado de marinheiro no S.S. Afonso de Albuquerque. Fizera umas viagens à India e estava queimadinho do sol de tanto içar a vela. Tinha uns braços musculados e um sorriso malandro. Uns caracóis de cabelo espreitavam por baixo do quico. Uma beata ao canto da boca de lábios grossos. Era solteiro e bom rapaz.
Hermengarda foi logo acender uma velinha no oratório da salinha de visitas e fechar a Isaltina no quarto de hóspedes não fosse ela começar-se a arrimar-se ao primo…
Hermengarda tratou de pôr a escrita em dia com o marinheiro, se ele já tinha alguma, se ganhava bem, se …se….se…..
Hermengarda chamou a Isaltina, apresentou-o e foi fazer um chá de tília para oferecer ao lanche, mais umas rosquinhas de limão feitas pela Isaltina, único bolo em que era mestra.
O primo ficou de voltar a visitá-las quando da próxima viagem de longo curso até às colónias.
Ainda não tinham passado três meses e a dona Hermengarda começou a ver a sua filha com uma barriguinha a crescer género pepino.
Fez uma retro inspeção e não achou nem uma oportunidade de tal tivesse sucedido.
Até que se lembrou naquela tarde da visita do primo marinheiro e em que ela fora à cozinha fazer o chá e demorara um pouco mais que o costume…
− Ai Isaltina, que estás desgraçada, filha.
− Ó mãe, que diabo, segundo reza o borda d água o chá de tília no mês de Maio não enche barriga.
A. Raposo
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MORAL DA HISTÓRIA
MAIS VALE BOM VIZINHO, QUE PARENTE OU PRIMO.
JUNHO CHUVOSO
John voltou-se para o pai e perguntou-lhe: O inspector estava desesperado, de péssimo humor.
Olhou novamente para o tapete ao meio da sala, ensopado de sangue. Olhou à volta, mirando os mesmos objectos que já tinha examinado, um a um, não sabia quantas vezes. Leu novamente o documento que o laboratório lhe tinha enviado, comprovando que o sangue era do Adalberto Terrinhas, o dono da casa. Adalberto que, tendo manifestamente sido morto naquela sala, com uma enorme faca de cozinha encontrada no meio da poça de sangue – sem qualquer impressão digital, claro – ninguém sabia por onde andaria.
“Morto não poderá andar por aí! Onde diabo terá o assassino metido o corpo?!” – resmungou pela enésima vez para os seus botões.
Mais ninguém tinha estado naquela tarde em casa além do morto e dos três outros habitantes, a mulher, o filho e um sobrinho. Os três tinham saído logo a seguir ao almoço, e a mulher regressara ao fim da tarde, encontrando a sala naquele estado. O sistema de segurança instalado na casa, bem moderno, não registava nenhuma outra entrada – nem saída, que diabo! – naquela tarde. Os três tinham fartos motivos para querer ver o Adalberto morto. O tipo, rico como um nababo, era sovina até mais não para os familiares, atraiçoava a mulher com várias outras, andava permanentemente a lixar o filho e o sobrinho…
Mas os três tinham aparentemente alibis “à prova de bala”, sobejamente comprovados por terceiros.
“Como é que o raio do cadáver desapareceu?! Quem o levou daqui?! Para onde é que o levou?!” – continuou a resmungar o inspector.
***
Extremamente satisfeito consigo próprio, conduzia o carro desportivo com uma única mão, acima da velocidade limite naquele sítio.
“Nesta altura já terão preso a megera, ou o imbecil do filho dela, ou o idiota do filho da irmã dela! E jamais me descobrirão nesta ilhazinha das Caraíbas! Como é que poderia ter conseguido aqui chegar, morto à facada na minha sala de estar?! Eh! Eh! Eh!” – riu se, orgulhoso de si próprio. “O litro e meio de sangue que tirei de mim próprio em boa altura terá convencido tudo e todos de que morri mesmo naquela sala! E com o temporizador do sistema de segurança da casa bem programadinho, foi fácil sair de lá pelas traseiras, sem nenhum registo nem ninguém que me visse! Bendito o dinheiro que nele gastei!”
Um passaporte falso, dois saltos de avião, e aí estava ele a gozar o sol das Caraíbas! Bom, sol nem por isso… Chovia copiosamente naqueles dias de Junho…
Descuidadamente, entrou no cruzamento. Um enorme camião, incapaz de travar naquele piso encharcado, esmagou o pequeno carro desportivo de encontro à esquina do prédio. Adalberto, já era…
Rigor Mortis
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