🔎 Memórias do Policiário – 052 🔍
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📖 Edição Especial
Crónica Policiária🖊
A concorrência feminina ou
os concorrentes masculinos
Opinião de: Detective Alcopas
📕Crónica – Conto
Problema Policiário
SAUDAÇÕES POLICIÁRIAS.
CRÓNICA POLICIÁRIA
A concorrência feminina ou
os concorrentes masculinos
3
de Junho de 1988 - “O DETECTIVE” n.º 49
Por: Detective Alcopas
«Antes de começarem a ler o que tenho para dizer, gostaria de vos avisar que, apesar desta crónica ter sido escrita do princípio ao fim por um macho, eu não sou machista. Bom, admitamos que sou um bocadinho. Um bocado, talvez seja o mais correcto. Mas só um bocado, heim!?...
Li no «Código Secreto» e recentemente nesta secção, se a minha memória não me atraiçoa, um artigo dedicado «Às Concorrentes Femininas», assinado pelo escriba desta secção policiária. Eu também gostaria de dizer algo sobre a matéria e como tudo o que é texto deverá ter um título, intitulei as minhas palavras com a designação em epígrafe.
Retrocedendo no tempo, até à década de 70, no princípio não era o Verbo, mas a paz e o sossego. Em todos os aspectos. Os machos eram a classe dominante, não estarei em erro se disser que em cada dez policiaristas apenas um era uma senhora. Para as consolar, os orientadores das secções policiárias até lhes arranjavam classificações especiais, tipo rebuçado para lhes adoçar a boca pois os machos-men ocupavam invariavelmente os lugares cimeiros das classificações. Bons tempos, esses!
Uns anitos mais tarde começou a haver uma revolução. Ou o número de damas aumentou ou o número de cavalheiros diminuiu (ou manteve-se) ou uma desgraça nunca vem só. Em pezinhos de lã elas começaram a subir, a subir e a minar as cúpulas. Os orientadores apercebendo-se do facto suspenderam as tais classificações especiais, muito prudentemente. Algo estava para acontecer e aconteceu mesmo, para desgraça de nós, homens, e para gáudio das senhoras. O escândalo aconteceu em 87 com as vitórias a penderem todas para o lado de lá, excepto quase duas. Já explicarei este «quase»... Mas primeiro vou avivar-vos a memória: Torneio Outono («Sábado Policiário») — A «MALI» foi a vencedora; 1.º Supertaça Policiária/Cidade de Almada («O Detective») — A «MILENA» foi a vencedora; Torneio Paralelo da 1.º Supertaça (idem, idem) — A «MASC» foi a vencedora; Torneio Relâmpago («Sábado Policiário») A «MALI» foi a vencedora; Torneio Mantola («O Detective») — A «MILENA>» foi a vencedora, de parceria com o «LYCAR» (note-se que o nome desta senhora aparece em primeiro lugar. Até nisso! Torneio FAZ TUDO («Código Secreto») — O «DUO MISTERIOSO» foi o vencedor. Note-se que aqui foi necessária uma coligação para quebrar o raio do enguiço. Mas como assim não vale, isto equivale a meia vitória. Já está explicado o «quase» de há umas linhas: atrás. Torneio Mabuse («O Detective») — O «DETECTIVE MISTERIOSO» foi o vencedor. Finalmente a vitória de todos nós! Venceu-o com todo o mérito e todo o meu ser, de norte a sul e de leste a oeste vibrou com ao feito. Foi um regresso aos bons velhos tempos!
Já não era sem tempo!...
Discordo totalmente de «O Gráfico» quando ele afirma mais ou menos «sic», «prà frentex senhoras! Mostrem o que valem!» Já chega, todos nós sabemos o vosso valor mas por favor não destruam mais o nosso ego ou o que resta dele. Deixem-nos ganhar mais alguma coisa!
As minhas propostas que certamente irão ser do agrado de todos, são as seguintes: — Torneios, sim, mas só para elas e/ou eles. (Até já as menciono primeiro). Por outras palavras, separação como no atletismo e nos outros desportos. Amigos, amigos, negócios à parte...
Os convívios seriam para isso mesmo.
Os prémios deveriam ser rigorosamente iguais para evitar situações de «a galinha da vizinha é melhor que a minha». Esta minha última proposta é falível visto haver livros que não interessam à parte contrária. «Exercícios para ter um parto sem dor» e «1001 maneiras de fazer a sua barba sem se cortar», são dois exemplos comprovativos.
Para concluir, nós os homens também somos bons, têm é de nos deixar à vontade. Actualmente existem muitos nomes sonantes que poderão ocupar sempre lugares de destaque, como por exemplo, o... hã... (tenham paciência e deixem-me pensar)... hum... bom, quando me lembrar, dir-vos-ei para a próxima...»
Problema Policiário
Secção: “O Detective” - Jornal de Almada
19 de Dezembro de 1986
Um Original de: Detective Alcopas
A MOEDINHA N.º 1
N |
AQUELA noite de Natal o velho forreta resolveu convidar os seus sobrinhos mais queridos para a Consoada. O primeiro a chegar à mansão de dois andares foi o Peninha. Alguns minutos mais tarde chegaram os restantes: o Huguinho, o Zezinho, o Luisinho e o Donald. Todos abraçaram alegremente o Tio Patinhas e foram cear. Após esta, trocaram presentes e a convite do anfitrião passaram a noite na mansão, distribuídos pelos andares de cima, um em cada quarto.
De manhã ouviu-se um QUAC! Todos acorreram de imediato e viram o Tio desmaiado. A moedinha n.º 1, exposta no salão de entrada, numa redoma de vidro, tinha sido roubada. Em seu lugar estava apenas um papel dactilografado. Recuperado os sentidos, o Tio Patinhas resolveu investigar. Verificou que todas as portas e janelas se encontravam fechadas por dentro e que se tinha esquecido da chave da porta traseira no respectivo canhão. Concluiu que o ladrão era um dos seus familiares! Irritado, leu o bilhete e soltou uma gargalhada: «Isto é uma brincadeira. Descubra o criminoso e terá a moeda.»
Retomou as investigações e notou que o tapete da entrada da porta das traseiras se encontrava com vestígios de terra… Abriu a porta e seguindo as pegadas em sentido contrário, verificou que estas conduziam à janela situada à direita da porta principal. De imediato começou os interrogatórios:
PENINHA: – Estive a ler um livro sobre Mineralogia e descobri que existe um topázio incolor com 1680 quilates chamado «Diamante de Bragança» e pertence ao tesouro português. Depois apaguei a luz e adormeci de seguida até de manhã.
DONALD: – Depois de ter entrado para o quarto, apaguei a luz. Como não conseguia adormecer, peguei num livro, «Uma noite em Lisboa» de Thomas Gifford e adormeci. Só acordei com o grito dado pelo Tio.
HUGUINHO: – Estive a ler um álbum de B.D. de Jean Graton, Rali em Portugal. Adormeci e só acordei de manhã com a gritaria e confusão. Não vendo o Luisinho, fui ao seu quarto e acordei-o.
ZEZINHO: – Estive a ler um livro sobre a vida de D. Dinis. Foi o fundador da Ordem de Cristo e jaz em Odivelas. Apaguei a luz e só acordei de manhã com o alvoroço.
LUISINHO: – Estive a ler um exemplar do Jornal de Almada. Li-o com interesse, especialmente a secção policiária «O DETECTIVE». Consegui resolver o problema e até escrevi a solução para a enviar! De manhã dormia como uma pedra quando fui acordado pelo Huguinho,
O Tio Patinhas já sabia quem tinha sido o autor do roubo, mas queria uma prova irrefutável. De chofre perguntou a altura de cada um deles e anotou: Peninha: 1,04m; Donald: 0,99m; Huguinho: 0,61m; Zezinho: 0,62m; Luisinho: 0,60m. De seguida mediu o comprimento de uma pegada e anotou 15cm. Fez os seus cálculos e virando-se para o culpado, disse: – Tens 5 segundos para me devolveres a moedinha n.º 1, se não deserdo-te!...
O culpado, atrapalhado, devolveu-a e todos soltaram uma gargalhada, incluindo o Tio. Aquele Natal foi o melhor das suas vidas.
Agora, pergunto eu:
1 – Como foi cometido o roubo?
2 – Quem foi o culpado?
3 – Como foi descoberto? Indique os pormenores da sua culpabilidade.
Nota: – Para a resolução deste problema é necessário consultar-se a revista XYZ-Magazine, secção «Ciência e Técnica Policial», entre outra bibliografia.
Solução do Autor:
– Depois de sair do seu quarto, o culpado desceu ao rés-do-chão e apoderou-se da moedinha n.º 1. Em seu lugar deixou um bilhete dactilografado. Para aumentar a confusão, saiu pela janela situada à direita da porta principal. Contornou a casa e entrou pela porta das traseiras, abrindo-a com a chave que o Tio Patinhas se esquecera no canhão da mesma. Voltou a fechar a porta deixando a chave na mesma posição e limpou os pés no tapete, deixando-o com vestígios de terra. Dirigiu-se à janela por onde saíra e fechou-a. Depois recolheu ao quarto onde se manteve até ser descoberto o roubo.
2 – O culpado foi o Donald.
3 – a) Mentiu quando disse que «uma noite em Lisboa» tinha sido escrito por Thomas Gifford. Na realidade, esse livro foi escrito por Erich Maria Remarque. Thomas escreveu «O Homem de Lisboa».
b) Através de uma fórmula de PARVILLE é possível calcular a altura do autor de uma pegada, neste caso, de uma patada. Ei-la:
sendo, E a estatura do indivíduo e P o comprimento da pegada. Esta fórmula é aplicada de imediato para indivíduos com os pés descalços. Ora, tanto o Peninha como o Donald e seus sobrinhos, são patos que andam permanentemente descalços! Sendo P=0,15m, temos:
sendo E=0,99 e tendo o Donald também 0,99 m está encontrado o culpado.
(Fórmula extraída de «XYZ-Magazine» n.º 5, pág. 12, secção «Ciência e Técnica Policial» da autoria de: L.P.)
O DETECTIVE N.º 15 – Jornal de Almada
2 de Janeiro de 1987 - Cantinho do Leitor
“O Trenó” - Conto
Original de: DETECTIVE ALCOPAS
(Pedernais – Odivelas)
O |
Filho tinha os olhos rasos de lágrimas. Considerava uma injustiça o que o seu pai lhe dizia, corroborado pela sua mãe.
— Meu Filho, dizia ela, tenta compreender. O Pai Natal não vai poder oferecer-te um trenó novo, vermelho, igual àquele que tem o teu amigo rico da Covilhã.
— Não é justo! — protestou o petiz de sete anos — O meu amigo no Natal passado também recebeu um, novinho em folha!
— Filho, interrompeu o pai, o Pai Natal oferece as suas prendas aos meninos consoante eles são ricos ou pobres, percebes? Dito isto, levantou-se da cadeira e caminhou em direcção à janela. Desembaciou-a e espreitou furtivamente para fora. O céu estava estrelado e a neve cobria tudo com um manto branco. Virou-se e continuou: Aqui no cimo da serra a vida é dura, bem sabes, nós trabalhamos o mais que podemos para que nunca te falte nada de essencial e amor nunca te faltará de certeza!...
O miúdo limpou as lágrimas, sorriu e disse: -eu sou rico porque vocês gostam de mim! E todos se abraçaram.
A consoada não foi muito diferente de um jantar normal. Mas todos ficaram satisfeitos e foram-se deitar, depois de terem dado graças a Deus.
— Não te esqueças de daqui a nada pôr o trenó no quarto do nosso filho, disse a mãe baixinho para o pai. De manhã, quando se levantar, terá uma surpresa.
— Pois sim, disse o pai. Espero que goste do trenó em madeira que lhe fiz. Não é tão bom como os que se vendem nas lojas, mas...
De manhã os pais foram acordados pela gritaria do filho.
— Pai, mãe, venham ver o trenó novinho em folha que o Pai Natal me ofereceu! E até é vermelho!
— Vermelho?! — exclamou o pai — Nem sequer o pintei... Com carago, o miúdo tem cá uma imaginação!
—É melhor irmos ver o que se passa, alvitrou a mãe. E foram. E o que viram deixou-os boquiabertos. O rapaz não mentira.
— Afinal o Pai Natal dá prendas ricas a meninos pobres, disse o puto todo feliz. Ah, está aqui uma carta que deve ser para vocês. E dito isto raspou-se para o exterior levando o seu tesouro consigo. Os pais, estupefactos, abriram a carta e leram:
— «Caros pais: Quando é que os homens aprendem que são todos iguais, são todos irmãos tal como Jesus nos ensinou? Tenham mais juízo e não encham a cabeça do vosso Filho com tolices a meu respeito! Feliz Natal e até para o ano!!»
Ass: «Pai Natal»
Blogue RO – 18 de AGOSTO de 2023
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