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Divirtam-se neste espaço onde não se ganha milhões de euros e ninguém fica rico! Este é um local de diversão e puro lazer onde a única riqueza se granjeia a fomentar e divulgar a amizade, a alegria e a liberdade de expressão — e lucrando-se, isso sim, montes de Companheirismo e Fraternidade! (RO)

domingo, 3 de agosto de 2025

🎓 Borda D`Água do Conto Curto - ☝Edições Fora da Lei 🗝 3.ª EDIÇÃO - ANO 2020 - AUTORES PORTUGUESES 📑

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TEMPICOS

 

…também conhecido por Olho vivo e pé ligeiro.

Quando saí da PJ por ter atingido a idade da reforma, organizei-me numa “Fundação” para sacar umas massas, como afinal fazem os ricos. Não pagam impostos e ainda conseguem um lugar de CEO na organização.

A minha Fundação chama-se pomposamente “Societé de Bienfaisance aux veuves”.

Não me tenho dado mal. Os mimos que pago às viúvas vão para a conta da

Fundação.

Estou bem cotado no meio e até tenho recebido oferendas que até com o corpo me querem pagar - o que recuso. Tenho os meus princípios!

Recebi um convite da Tertúlia da Liberdade onde uma mão cheia de malucos satisfazem o ego resolvendo problemas policiários. Isto há gente para tudo!

Vão editar uma espécie de Borda d´água em 2020.

A editora é uma senhora que mora no Vale de Santarém.

Escrevi um belo conto curto, imprimi numa folha de A4 e meti-me no comboio para o entregar à editora.

Quando lhe bati à porta estava ela de enxada ao ombro a caminho da horta.

Abriu-me a porta e apontou-me uma cadeira. Dei-lhe a folhinha de papel. Leu atentamente e abrindo a portinhola da salamandra atirou a folha para o lume.

Resmungou:

− Faça outro conto. como deve ser e não se esqueça da pontuação.

 

Fui-me a ela. Ela fugiu-me para a rua a correr. Fui atrás meti-lhe as mãos às goelas. Começou a falar fininho e a esbracejar, com falta de ar. Reuni forças e atirei-a para um canteiro de alfaces chinesas.

Os cães vieram-me ladrar às botas.

Como não sou do PAN atirei umas biqueiradas nos “lulus”, que foram a ganir para perto da patroa, que, engasgada, cuspia alfaces e impropérios.

Tudo do piorio.

Ainda pensei rezar-lhe a extrema-unção mas já não me lembro da letra...

Vim-me embora, apanhei o comboio de regresso e hoje ainda estou para saber se ela me vai recuperar o escrito ou se pelo contrário, a página de Setembro do Borda de água sai em branco.

É mulher para isso!

A. Raposo

Lx.-jan.2020.

 

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ACONTECEU EM OUTUBRO…

 

Já lá vão muitos anos – mas aconteceu e o episódio nunca foi esquecido…

A criança tinha pouco mais de quatro anos e vivia com a mãe e os avós paternos em casa destes, por o pai se encontrar a cumprir serviço militar obrigatório nos Açores, no decurso da 2ª Guerra Mundial.

Vivia inocente e feliz, alternando o seu dia a dia entre a casa dos avós e a de uma numerosa família – que distava cerca de cem metros, que percorria sozinho porque o local, privado, era vedado e a época não impunha os cuidados de vigilância que hoje se justificam… Era um local para si bastante desejado porque ali dispunha de outras crianças para brincar, espaço livre, animais domésticos à solta,  e era tratado com todo o amor e carinho, como se a ela também pertencesse.  Ah, e um outro atractivo: com frequência eram-lhe dadas ao lanche fatias de pão caseiro com azeite e açúcar…

Por isso, muitas vezes simulava dormir quando a avó, após o almoço, o mandava dormir a sesta, e, apanhando-a distraída, nos seus afazeres caseiros, “raspava-se” para a sua “segunda casa”.

Aquela família era originária de uma vila sita na proximidade da Serra da Estrela, que naturalmente evocavam com alguma frequência e saudade. E, numa dessas evocações, um dos seus membros de mais idade descreveu a existência, naquela, de neve, muito frio, lobos, etc ., prometendo nessa ocasião ao menino que, aquando da sua próxima deslocação lá, a ocorrer em breve, lhe traria um lobinho.

O menino, deslumbrado com a promessa, passou a viver numa ansiedade crescente, especialmente quando se apercebeu que o autor daquela fora finalmente passar uns dias à sua terra natal. E diariamente perguntava quando vinha o H. com o lobinho. Até que lhe disseram que seria no dia seguinte. Ansioso, mal dormiu naquela noite e, no novo dia, assim que pode escapuliu-se, excitadíssimo para casa dos vizinhos, para poder receber o seu tão desejado presente… que, todavia, para sua completa desilusão não chegou, com a justificação de que, por falta de neve, os lobinhos não tinham aparecido…

Completamente confuso, fugiu, correndo. Preocupados foram no seu alcanço, tendo vindo a encontrá-lo sentado no chão, sob uma árvore, chorando sentidamente. Ele, o então menino e hoje o autor destas linhas, ainda não sabia, mas aquela iria constituir uma decepção tão marcante que volvidos mais de setenta anos de vida sobre esse amargo dia ainda a recordaria e lamentava.

Confúcio proferiu: “Verifica se o que prometes é justo e é possível, porque a promessa é dívida”. No caso presente, alteraria a parte final para “porque a promessa incumprida pode, por vezes, provocar sentimentos negativos marcantes”.

 

NOTAS:

Aos confrades policiaristas – e em especial à Tertúlia Policiária de Lisboa, responsável pela edição deste “Almanaque” – apresento as minhas desculpas por, em vez de um conto, crónica ou qualquer outro texto de temática policiária, ter optado por um episódio da minha vida particular. Mas, porque esta Página é a do mês de Outubro, mês em que também ocorreu o evento descrito, não resisti a evocá-lo…

Como aproveito para também evocar, com pesar, o desaparecimento físico do  Amigo  e co-fundador desta Tertúlia, Pedro Faria, igualmente ocorrido num mês de Outubro.

 

Inspector Aranha

 

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»»» NA PRÓXIMA EDIÇÃO, 10 de Agosto de 2025, apresentaremos mais dois CONTOS, de Novembro e Dezembro, os últimos da Edição de 2020, respectivamente da autoria de Inspector Aranha e Rui Mendes.



 

🙆 BOM Domingo!


📑BOAS Leituras!

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