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segunda-feira, 24 de abril de 2023

*** MEMÓRIAS DO POLICIÁRIO! - (Por: O Gráfico) - 029

 🔎 Memórias do Policiário – 029

 

O Gráfico

  

CÉLULA CINZENTA N.º 31 (MARÇO 1992) – “À LUPA”

…O Gráfico é, assim, o brilhante vencedor de mais este Torneio de Homenagem ao grande “Detective Misterioso”, prémio com um sabor muito especial para O GRÁFICO, como o revelou na entrega de prémios que decorreu no Convívio de Algés (Fevereiro – 1992) atendendo não só aos grandes ensinamentos “Policiários” como pela grande e sincera amizade que unia estes dois grandes Policiaristas.

ESCREVEU: PAL (Algés)

 


 O Gráfico

 

  

Com o meu Mestre da Problemística Policiária, benfeitor e querido Amigo “Detective Misterioso”, Domingos Prata Rodrigues, eu vivi e partilhei dos melhores momentos no POLICIARISMO! Nós produzimos um Conto Policiário (ANALOGIA – 3.º Lugar) e um Problema Policiário (O AMIGO DESCONHECIDO – Menção Honrosa) comummente para os 1.ºs Jogos Florais da Revista “Célula Cinzenta” da APP - Associação Policiária Portuguesa - 1988. Orientamos, de parceria, a Secção de Problemística “VELHARIAS POLICIÁRIAS” no saudoso “XYZ-MAGAZINE”, do eterno “Sete de Espadas”! Divulgamos e dinamizamos, em simultâneo, com a máxima dedicação e paixão a inigualável TPA-Tertúlia Policiária de Almada! E entre muitas outras aventuras, entre as quais as presenças em originais Convívios Policiários, por todo o País, onde, os dois, arrecadamos com imenso mérito, in loco, variados Troféus, participamos em Torneios Policiários, como UM SÓ, com o pseudónimo de “INVESTIGADORES R. & R.” conseguindo algumas vitórias... com destaque nas Secções “Alvorada Policiária” de “ALVA” e “Mistério e Aventura” no Jornal “O CRIME” de “SETE DE ESPADAS”!!   

 

Em Évora, Finais dos anos 70: Ubro Hmet, Detective Misterioso, Confúcio e O Gráfico

 

...Na edição de hoje, destas preciosas Memórias do Policiário – O Gráfico termino o ciclo de homenagem ao “Detective Misterioso” (podendo voltar a lembrar-me dele... sempre que seja oportuno e surja matéria inolvidável!) com três publicações: Um Problema Policiário, com a respectiva Solução, histórico, do próprio “Detective Misterioso”, “NOS MARES DA GROENLÂNDIA” (Dezembro-1977); Homenagem a Manuel Barata Dinis em “ASES DO POLICIÁRIO”, Revista “CÉLULA CINZENTA” n.º 28 (APP) (Agosto-1991) e um Conto Policial, “A ÚNICA TESTEMUNHA”, de minha autoria, dos primeiros que produzi, ainda muito jovem. 

SAUDAÇÕES POLICIÁRIAS.

O Gráfico

 


DETECTIVE MISTERIOSO ou Domingos Prata Rodrigues – o elo mais forte da Tertúlia Policiária de Almada!

27 de Fevereiro de 1931

24 de Novembro de 1990

 


 

DOMINGOS Prata Rodrigues (Detective Misterioso, pseudónimo da Problemística Policiária) faleceu prematuramente, com 59 anos, em Novembro de 1990 e não tardou -demorou apenas um mês! -a aparecer a primeira homenagem a tão nobre figura do POLICIÁRIO e tal sucedeu por intermédio de outra consagrada Policiarista, a “PAL”, que naquela altura era a Orientadora/Coordenadora da Secção Policiária “A LUPA” na Revista “Célula Cinzenta” propriedade da A. P. P. – Associação Policiária Portuguesa!

 

 

 


…Com alguma sorte e muita vontade, crença e determinação, “O Gráfico” foi o brilhante vencedor do TORNEIO DETECTIVE MISTERIOSO, proporcionado pela Revista “Célula Cinzenta” na Secção “À LUPA”!!

 

 

Manuel Barata Dinis - Big Ben - Mêbêdê - Figaleira - Mr. King

O ILUSTRE POLICIARISTA CLASSIFICOU-SE EM 2.º LUGAR

 

 

“Nos Mares da Groenlândia”

Problema Policiário

Domingos Prata Rodrigues

”DETECTIVE MISTERIOSO”

DEZEMBRO - 1977

 

 

O

 PESCADOR de bacalhau António Peixinho, chegado da faina da pesca, apresentou-se na Companhia de Seguros X, a fim de receber um seguro de vida deixado pelo seu camarada Manuel Silva.

A apólice que nem parecia ter andado por mãos de pescadores, apresentava-se dobrada em quatro, e onde todos os seus escritos se encontravam bem legíveis, foi entregue na Companhia para as devidas formalidades. Porém, e como sempre acontece, a Companhia quis saber pormenores do caso, tanto mais que este se passara bem longe do país.

Introduzido no gabinete, onde por casualidade se encontrava o Insp. Prata Rodrigues por ter ido visitar o seu amigo Matias, perito da Companhia, o Peixinho começou a narrativa:

«Eu e o Manel éramos muito amigos pois fomos criados lado a lado em casa de meus pais que o recolheram quando ele perdeu os seus e ficou só.

Este ano, antes de partirmos para a pesca, ele fez o seguro de vida em meu nome, dizendo não ser ainda suficiente para testemunhar toda a gratidão por tudo quanto por ele meus pais fizeram.

Nos bancos de pesca, sempre que era possível, pescávamos no mesmo local auxiliando-nos mutuamente.

Naquela manhã, o frio era cortante, mas a pesca não podia parar. Assim lá fomos os dois cada um no seu dóri em busca do bacalhau. Fundeámos e começamos a faina, mas a determinada altura o Manel desequilibrou-se e caiu ao mar. Imediatamente fui em seu auxílio, tendo-o içado para o meu dóri. Como se encontrasse gelado devido ao forçado banho, tirei-lhe o casaco e a camisola de lã e friccionei-o dando-lhe de beber aguardente que levava comigo, mas as frígidas águas daquelas águas não perdoam.

Do ferimento que fizera na cabeça o sangue saía em borbulhões, sendo infrutífero tudo o que fiz para o estancar. Adivinhando a aproximação do fim, o meu colega pediu-me que lhe tirasse a carteira que se encontrava no bolso do casaco.

Satisfeito o seu pedido, tirou a apólice entregando-ma dizendo para eu receber o seguro caso ele viesse a morrer.

Remei com quantas forças tinha para que o meu companheiro chegasse ao navio ainda com vida, porém todos os meus esforços foram em vão, pois antes de lá termos chegado ele dava o seu último suspiro…»

Terminada a sua história, o Peixinho deixou o gabinete.

Assim que a porta se fechou o perito, virando-se para o Inspector Prata Rodrigues, exclamou:

– Felizmente que ainda há pessoas reconhecidas. Este Manuel Silva não quis morrer sem liquidar aquilo que ele considerava uma dívida.

Prata Rodrigues, pousando na secretária do amigo a apólice entregue pelo Peixinho, retorquiu:

– De facto assim é, porém, a história que este homem acaba de impingir está longe de ser verdadeira o que me leva a crer ter sido ele o assassino do amigo.

Pergunta-se: Perfilha da mesma opinião? Porquê?

 

Solução do Problema Policiário:

NOS MARES DA GROENLÂNDIA

Autor: Detective Misterioso

 

Apresentada por: MABUSE (Policiarista)

 

"Mabuse", de óculos, à esquerda, em conversa com "O Gráfico". "Detective Invisível" assiste e "Venthocanni" sorri... - Convívio Policiário

1 – Em minha opinião houve crime.

2 – Na história do Peixinho há vários pormenores que não encaixam. Assim, o Manuel Silva nunca levaria a apólice para a pesca, quer isto dizer, não a levaria consigo no dóri, mas sim tê-la-ia guardada no armário que lhe estaria distribuído a bordo.

Se o morto transportasse a apólice naquele momento, ao cair á água a apólice ficaria inutilizada, ou, se o não ficasse, não estaria bem legível, perfeitamente dobrada em quatro, que até nem parecia ter andado nas mãos de pescadores; tinha forçosamente de estar amarrotada e talvez rota, se, repito, não se tivesse inutilizado completamente.

Também não é crível, que o Silva ao cair ao mar, fizesse um ferimento na cabeça donde o sangue saísse em borbotões, e se atendermos à baixíssima temperatura das águas da região, mesmo que houvesse ferida, a água gelada actuaria como hemostático, não deixando o sangue sair nas quantidades descritas.

Diz o Peixinho a certa altura, que fundearam os dóris. Depois das peripécias todas, e ao ver o companheiro quase morto, remou com quantas forças tinha para o navio, tudo isto sem fazer a mínima referência a ter levantado a âncora do seu dóri.

Claro que o Insp. Prata Rodrigues tinha muita razão, ao suspeitar do António Peixinho como assassino do seu companheiro Manuel Silva.

 


CÉLULA CINZENTA N.º 28

AGOSTO - 1991

 

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ASES POLICIÁRIOS

Big Ben

Manuel Barata Dinis

”CÉLULA CINZENTA” n.º 28

AGOSTO - 1991

 

 


U

M dos mais prestigiados nomes da Problemística Policiária Nacional é conhecido pelo consagrado pseudónimo de BIG-BEN, chama-se, efectivamente, MANUEL BARATA DINIS, e pertence à Geração de Ouro da Problemística.

Não é um Produtor de grande vulto, ainda que integre um grupo dos muito aceitáveis, não obstante, estamos em crer, se as suas actividades lho concedessem -um pouco de mais tempo -já que não lhe falta o engenho, a arte e a experiência, seria certamente o melhor solucionista português, já que em regra, actua isoladamente e valendo-se, tão só, dos méritos próprios.

Tem um “curriculum” invejável no domínio da decifração.

Foi Patrono de vários Torneios, inclusivamente dirigiu uma Secção Policiária com acerto invulgar de 1959 a 1961, a Secção “Enigma Policiário” no Jornal do Ribatejo, onde foi disputado um Torneio de homenagem a Marvel que reuniu a fina flor dos Detectives Amadores Nacionais.

Foi membro influente do Clube de Literatura Policiária, o último a abandonar o posto de Direcção, após a desunião.

Mereceu a todos os títulos a Homenagem que lhe foi atribuída, a I VOLTA A PORTUGAL EM PROBLEMAS POLICIÁRIOS, primeiro no Jornal Ribatejo -e não concluída em virtude da mobilização Militar do seu Orientador (1963), depois na Secção do “Passatempo” (1976).

Para nós, BIG-BEN, apesar das mil virtudes que em simples resenha é impossível expressar, tem a virtude máxima da simplicidade... e, se o acima exposto define o POLICIARISTA, ESTA ÚLTIMA DEFINE... O HOMEM.

Escreveu: M. C. (Manuel Constantino)

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CONTO POLICIAL

A Única Testemunha

Autor: O Gráfico

LUÍS RODRIGUES

”CÉLULA CINZENTA” n.º 18

DEZEMBRO - 1989

 

 

A

SENHORA D. Marquesa Filipa de Gusmão sempre foi uma mulher muito alegre e divertida até à morte do seu marido o Marquês de Gusmão. Porém, a morte misteriosa do cônjuge, ainda por descobrir pelos peritos da Polícia Judiciária, deixou-a totalmente entristecida e tão desmotivada em continuar a viver que já por diversas vezes tentara suicidar-se! Valeram-lhe os criados e o mordomo que nessa ocasião ainda viviam com ela, evitando tal horror. A Marquesa, entretanto, despediu todos os seus servidores, optando por viver sozinha, ficando com uma única companhia, o seu fiel cão, de raça galga, ao qual chamava “Doc”. Morando numa enorme mansão, herdada da fortuna do Marquês, Filipa de Gusmão raramente saía de casa a não ser para fazer as compras necessárias para a sua alimentação e do seu companheiro. Deixou crescer o cabelo loiro que possuía e jamais se penteou usando-o apanhado para trás e segurando-o atabalhoadamente com um gancho. O “Doc” cão muitíssimo esperto era cego de nascença, mas graças aos bons ensinamentos da dona agia como se tivesse vista.

A Marquesa vivia isolada no seu quarto, situado no primeiro andar da mansão e ali cozinhava para se alimentar. O lixo que se originava e os restos de comida eram lançados através de um dispositivo que era constituído por um enorme tubo que ia desde o quarto da Marquesa até uma fossa construída no quintal do rés-do-chão. O “Doc” estava treinado para quando ouvisse qualquer objecto cair no chão agarrá-lo com a boca e depositá-lo nesse tubo! A arrumação do quarto era constante devido a este facto. E, por vezes, bem se podia a marquesa queixar de alguns bons chinelos que seguiam aquele caminho!

Os dias passaram e a Marquesa começou a ter, enquanto dormia, intensos pesadelos. A ideia do suicídio voltou a assombrar-lhe a mente, mas... não tinha coragem para pôr termo à vida!... Pensou, então, uma vez que acordava durante a noite, dissolver veneno num copo de água para ingerir quando estivesse sob sonambulismo! O veneno produzia efeitos instantâneos de morte e assim se acabaria o seu sofrimento!...

Certa noite preparou tudo. Adormeceu com um copo cheio de água envenenada na mesa de cabeceira...

Eram duas horas da madrugada quando a Marquesa acordou estremunhada. Acendeu a luz do candeeiro que mantinha em cima da mesa de cabeceira. O cão, porém, não se atirou ao recém-chegado, visitante nocturno, porque lhe conheceu o cheiro. Tratava-se do antigo mordomo da mansão. Não visitava a Marquesa com boas intenções porque empunhava uma arma de fogo, munida de silenciador.

“-Dona Marquesa venho roubar o seu ouro!” -disse o mordomo.

E, de seguida, disparou um tiro certeiro no corpo indefeso da mulher que lhe atravessou o coração! O “Doc” nem disso se apercebeu. O mordomo, com a arma na mão direita, depois de perpetrar o crime, e antes de procurar as jóias da Marquesa, resolveu beber um gole da água existente no copo que estava ao lado do candeeiro, em cima da mesa de cabeceira...

O crime provocara-lhe sede!... 

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O cão ouviu dois objectos, além de um corpo, caírem no chão...

Foi quantas vezes se dirigiu ao tubo do lixo!...

 

Blogue RO – 24 de Abril de 2023

https://reporterdeocasiao.blogspot.com/

 























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