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domingo, 2 de novembro de 2025

O CASO (sério) DA RUA das TRINAS ☝Edições Fora da Lei Novela de Dez Episódios -- 🕵️ Oito Autores - 2018 (TPL)

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EPISÓDIO 4 – O INTERROGATÓRIO

Por: Arnes

 

    Anjinho depois da sua “cachimbada”, mandou chamar Quim Costa para interrogar. Afinal a vítima tinha aparecido morto à sua porta.

Quim apareceu a vociferar, que devia estar era ao lado da mulher, para ver se recuperava, ou se o Novena lhe estava a dar a extrema-unção. Ficara retido, logo ele que até era sócio do Benfica, só que não tinha o cartão com ele.

Anjinho de mau humor, praguejou.

– Sócio do Benfica? Ninguém diria ao olhar para a sua cara. Esse olho diz-me que você é do Belenenses, sente aí e comece por me explicar como é que arranjou esse olho negro.

Quim Costa finalmente deu mostras de ser benfiquista, pois corou até às orelhas.

– São assuntos íntimos e particulares – disse em voz baixa.  

– Aqui não há assuntos particulares – gritou Anjinho − bote cá para fora, ou quer que pense que foi uma rixa com o falecido que o deixou assim?   

– Não, não. Eu não o matei, eu conto. Estava eu com a minha Isaura a preparar-me para dormir, quando lhe passei a mão nos seios, que estavam frios como sempre. Ao ouvido sussurrei-lhe. Porque é que as tuas mamas estão sempre frias? As da Adosinda estão sempre quentinhas.

Foi num abrir e fechar de olhos que o candeeiro a petróleo veio de encontro à minha cara e a Isaura começou uma gritaria com aquele vozeirão que usava para promover o seu peixe.

– Meu ordinário, andas a apalpar a fruta dos outros?

– Eu mulher? Só tenho olhos para ti, quando consigo abrir os dois.

– Diz-me que sim. Andas armado em chicharro, quando não passas de um carapau.

A Isaura atirou-se para cima da cama em direção ao outro candeeiro e eu fugi porta fora, pois ela era mestre no amanhar do peixe, mas também era craque no dardo lá na associação.

Na Rua, encontrei o Tó Gula, sentado na soleira bêbado como um cacho, que ao ver-me só de ceroulas, disse entre gargalhadas:

Eh carapau!!

Voltei para dentro e como a mulher se tinha fechado no quarto, deitei-­me no sofá e adormeci. De manhã levantei-me e fui trabalhar, antes que a patroa tivesse outro ataque de fúria. No final do dia fui directo para casa, pois estava cansado de explicar como tinha caído e batido com o olho no canto da mesa, pois não podia dizer a verdade. Sabe como é, se soubessem que foi a Isaura ia ouvir graçolas até ao fim dos meus dias. Cruzei-me com o Tó, já na rua das Trinas, que entre risinhos voltou a dizer Eh carapau!! Não saí mais de casa e fui acordado de manhã com os gritos de quem encontrou o corpo.

Anjinho franziu o sobrolho e perguntou.

– Mas quem é a Adosinda e como sabia você da temperatura corporal? Andava a tirá-la?

 – Nada disso, sou fiel à minha Isaura, a Adosinda é a viúva. Coitada tão nova e já desamparada. Quando ao final do dia, ia beber um copo e saber das novidades à sede do União, ouvia regularmente o Tó a queixar-se, que a cerveja estava sempre quente como as mamas da mulher. Era só por isso que eu sabia. Quanto ao Tó a ultima vez que o vi estava vivo e bem vivo. Apeteceu-me dar-lhe uns cascudos, pelos risinhos, mas contive-me. E agora, já posso ir ver como está a minha mulher? 

– Você vai, mas é voltar para o calabouço e só sai de lá, quando eu encontrar o culpado.

Anjinho berrou para que lhe trouxessem outro dos presos no velório e mandou levar de volta

Quim Costa. O polícia cumpriu a ordem, mas não sem antes perguntar a Anjinho o que fazia ao morto e ao caixão, que estava arrumado na cantina e já parecia deitar cheiro.

– Metam o morto num saco preto e entreguem-no ao Ministério Publico ou ao raio que os parta para que lhe façam a autópsia, já que o hospital mandou directamente o falecido para o velório.

De seguida entrou Zé Torres. Suava em bica enquanto tentava abrir o botão da camisa, que estava preso pelo nó da gravata preta. Anjinho tinha ouvido dizer que este trabalhava nas finanças, mas constava-se que também fazia umas escritas, onde praticava a arte de fugir ao fisco.

– Eu não sei de nada inspector. A última vez que vi o Tó estava bêbado como um cacho. Constava-se que quando estava desocupado, andava pela rua e espreitar às portadas das janelas entreabertas para que entrasse a fresca, que as noites andam quentes. Ouvi uns gritos que me pareceram ser da Isaura e vim à janela pensando que tinha apanhado o sem vergonha, mas este estava sentado na soleira e ria à gargalhada. Depois vi o Quim sair porta fora em ceroulas e pensei que ia dar um biqueiro ao Tó. Mas não. Trocou umas palavras com ele sobre peixe, virou costas e voltou a entrar. Eu voltei para a cama, pois tenho dormido pouco, com as escritas que tenho que fazer. No dia seguinte, mal dormido, fui trabalhar e cheguei a casa por volta das sete e meia, pois tive que passar no mercado para recolher as contas das peixeiras. Regressei na companhia da Isaura que me deu umas fanecas para o jantar. Acompanhei-a até à porta de casa e depois eu próprio recolhi-me disposto a jantar e a deitar cedo para tentar colocar o sono em dia. Só na manhã seguinte acordei com os gritos e soube do sucedido.

Anjinho mandou levar o Torres de volta e que lhe trouxessem o Esticadinho.

Este entrou de semblante triste e entre fungadelas no lenço dispôs-se a dizer tudo que sabia, apesar de ser muito pouco.  

– Vi o meu irmão pela última vez, na tarde anterior a ser assassinado. Estava chateado porque tinha ido falar com a Isaura. Segundo me contou, esta tinha tido um desaguisado com o Quim e ele estava pronto a consolá-­la, caso assim o desejasse. Verdade seja dita, apesar de já ter sido mãe de duas filhas, aquela mulher continua um pedaço de mau caminho. No entanto em vez de consolo, a mulher ameaçou que lhe dava com o peixe-espada na tromba e gritou-lhe, que fosse, mas é tomar conta da mulher, já que ela parecia andar com falta de assistência. Ficara ofendido. Logo ele que aviava as camones que lhe apareciam e ainda tinha forças para aviar um ou outro macho, desde que lhe cheirasse a muitos dólares. Quando o voltei a ver, já estava estendido no chão.

    Anjinho dispensou a testemunha e mandou chamar Umbelina. Esta entrou anafada e com os olhos brilhantes pronta a dizer tudo que sabia. 

 – O Tó Gula era um depravado. Com uma mulher tão linda e prendada em casa, andava sempre atrás de um rabo de saia. O que vale à miúda, é o Presidente do União, que a vem buscar para ela ir dar uns passeios. Entre a vizinhança era conhecido pelo “sempre em pé”, disse enquanto se benzia 3 vezes. A cunhada Albertina ia sabendo das histórias, porque o homem fala enquanto dorme e era cada uma pior que a outra. Todas as semanas me confessava ao padre Novena, porque sentia que pecava só por ouvir. Sou uma boa cristã a desejar fazer o bem ao próximo, por isso ouvia atentamente os desabafos da cunhada, como uma penitência diária, para um dia o S. Pedro me abrir as portas do céu. Um destes dias enquanto limpava a janela, ouvi o João da Bica a ameaçá-lo. Devia ser mais um arranjo do Tó, pois o João disse-lhe que se acontecesse alguma coisa à camarada que estava grávida, ele próprio lhe limpava o sebo. Quando repararam em mim, calaram-se e foi cada um para seu lado. Noutro dia, pegou-se com o Toino Coxo, disse-lhe que não tinha andamento para a Isaura a quem este seguia com os olhos sempre que ela passava. O Toino estava com um grãozinho na asa e reagiu mal à palavra andamento. Disse alto e bom som, que apesar de só ter uma perna boa, ainda era bem capaz de o apanhar e lhe dar uma lição. Quem sabe não foi ele a dar-lhe as facadas. O Quim também andava de candeias às avessas com o falecido. Aliás acho que anda a olhar de lado para toda a vizinhança. É bom homem, apesar daquele corpo gigante, é mais manso que um gatinho. Mas desde que a mulher começou a subir as bainhas pelo joelho e começou a usar as blusas tão apertadas que até se consegue ver os contornos da combinação, começou a haver uns piropos, que incomodavam o Quim. E sabe como é, até um bom homem, um dia cansa e faz coisas que mais tarde se arrepende. Quem sabe não terá sido isso.

    Anjinho suspirou: Isto estava bonito, mais parecia uma pescadinha de rabo na boca. Andava às voltas e no fim regressava ao início, nada de novo.

    Mandou sair Umbelina que com a excitação de estar sentada frente a um agente com farda, se tinha mijado toda.

    – Puta que pariu a velha, exclamou!

    Resolveu fazer outro intervalo, enquanto o estagiário de serviço limpava a cadeira e o chão, molhados pelas águas da Umbelina.

    Daí a pouco voltava aos interrogatórios.
 


   





 

VOLTAREMOS NO PRÓXIMO DOMINGO, 9 de Novembro, com o Episódio n.º 5 - MAS, AFINAL, QUEM MATOU O TÓ GULA? por: INSPECTOR BOAVIDA.🧐


 


👌 FELIZ Domingo!


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