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quinta-feira, 13 de junho de 2024

📑🔍 Policiário pelo Blogue "A Página dos Enigmas" 🧐

 Os Diferentes Tipos de Problemas Policiários



O texto de hoje é sobre algo com que estou em discordância, mas que é aqui publicado numa perspetiva histórica do policiário em Portugal. Refere-se a uma divisão dos problemas policiários em tipologias distintas e existe já há algumas dezenas de anos.   

Esta divisão que aqui se apresenta foi publicada por Artur Varatojo no seu ABC Policial n.º 2, na década de 50 do século passado, provavelmente em 1955 ou 1956.
 
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Existem centenas de problemas policiários publicados em Portugal. Apesar de poder gerar alguma polémica, apresentam-se as oito categorias em que estes costumam estar divididos. Repare-se que uma das discussões poderá advir do facto de, no mesmo problema, poderem existir elementos que podem colocá-lo em diferentes categorias. Será possível ultrapassar esta situação, mas essa discussão está fora do âmbito destas linhas.


1 – Eliminatórias.

Poderá ser um tipo de problema bastante simples, mas que por vezes dá muito trabalho a resolver.

A partir de inferências, o solucionista apenas pode chegar a uma conclusão correta, não havendo dualidade possível. Se as diferentes premissas surgirem inseridas na narrativa ou nas declarações, o problema fica valorizado. 
 
Nos problemas publicados em Portugal pode considerar-se que As Cinco Flores, de M. Lima, é um problema que se insere esta categoria, sendo de resolução bastante acessível.

 

2 – Contradição

Nesta categoria podem enquadrar-se múltiplas situações, desde aquelas em que o criminoso se contradiz, com outros suspeitos cujas declarações são tomadas como verdadeiras, ou quando as declarações entram em oposição com a realidade dos factos.

O problema é mais valorizado quanto mais escondida no texto se encontra a contradição.

De notar que este tipo de problema era muito utilizado nas situações em que era apresentado oralmente, em emissões radiofónicas nos anos 50 do século passado.

No âmbito desta categoria, por a solução surgir de uma contradição entre a realidade e as declarações, incluiria o problema  O Inspector Fidalgo ao Luar do Verão, do Inspetor Fidalgo.  


3 – Técnico

Esta é um das categorias em que é maior a raridade dos problemas e, também, onde se encontram algumas dificuldades de resolução, muitas vezes por o solucionista não ter acesso à informação necessária, embora nos tempos atuais, com a net à disposição, seja mais fácil obter essa mesma informação.

O conhecimento pode ser de muito tipo: impressões digitais, livores de hipóstase, venenos, pegadas, vestígios de sangue, larvas,  etc.

Muitas vezes, além de encontrar o criminoso, o solucionista tem que primeiro descobrir como o crime foi cometido. Quase sempre, todos os elementos são claramente expostos e cabe ao decifrador fazer a sua colocação no local certo e usá-los do modo correto.

Os problemas colocados nesta categoria, raramente têm apenas estes aspetos. Por ser um dos mais interessantes do autor, e que cabe nesta classificação, refiro Morte no Talho, escrito por Lumago Ampe.

 

4 – Trajetórias

Embora envolva uma análise técnica, distingue-se da categoria anterior porque se aplica especificamente a esta situação.  Repare-se que quando o crime é cometido através de um disparo, uma linha reta liga a vítima ao criminoso, pelo que se detetarmos a trajetória do projétil se torna mais simples concluir quem poderá estar naquele local onde foi feito o disparo.

Nesta categoria a parte mais técnica está ligada ao comprimento dessa linha que une a vítima e o criminoso, e que pode ser determinada pelas características do orifício onde entrou o projétil.

Em Retalho dum Caso Policial, Xek-Brit coloca como fundamental para saber o que se passou, a questão da trajetória.


5 – Enigma

Este é uma categoria onde os casos acabam por ser menos ligados à realidade. A vítima, quando está para morrer, deixa uma qualquer pista, sob uma forma enigmática, que deverá conduzir ao assassino.

É um tipo de problemas onde a associação de ideias toma um papel relevante, pois é essa ligação que permite, a partir de um indício que o criminoso viu, mas não entendeu, seguir a pista que conduz até ele ou ao seu nome. Mais do que pensar como o criminoso, o decifrador deve colocar-se dentro da vítima, percebendo o modo como ele pensa.

Aqui, vai ficar um problema bem recente: Em Dia de Romaria, do Inspetor Moscardo.


6 – Observação

Este tipo de problema faz recurso de uma imagem, seja ela um desenho ou uma fotografia, sendo muito frequente, normalmente, em secções que apenas se dedicam à divulgação do policiarismo. É possível construir problemas simples e que ocupam pouco espaço de publicação.

Muitas vezes, este problema poderá estar associado a outras categorias, designadamente a contradição entre os elementos declarados e os observados. Note-se que sem uma observação atenta da imagem, não será possível resolver o problema.

Escolho um problema em Banda Desenhada, Crime na Mansão de A. Coelho.

 

7 – Imaginativo

É o tipo de problemas que gera mais polémica entre os solucionistas, sendo frequente que estes apresentem e justifiquem caminhos diferentes, que consideram corretos, sendo muitas também diferentes daquele que o autor indica.

O solucionista tem que procurar uma solução lógica que ligue todos os elementos, e una o criminoso à vítima, o que nem sempre é um caminho fácil de seguir.

Dá muita liberdade ao autor do problema, mas como os elementos estão mais livres, o decifrador tem alguma dificuldade.

Não são muito frequentes os problemas que se poderiam aqui incluir. Eu escolho Não se Lava um Crime..., de Constantino.

 

8 – Limitação Horária

O criminoso apresenta um falso álibi, baseado numa referência horária que não é verdadeira. A partir daí, está aberto o caminho para chegar à solução. Repare-se que esta situação acerca das limitações horárias, pode surgir num problema da categoria Observação, onde, numa imagem, pode ser possível consultar a hora do crime, ou a hora apresentada como álibi.

Por se tratar de uma situação de impossibilidade horária, que na verdade também é uma contradição, indico aqui O Roubo das Joias, de Sete de Espadas.


Estão apresentadas as oito categorias clássicas de problemas policiários, mas sem dúvida, que a experiência vai mostrar que ela é limitadora e que existem alguns problemas que serão difíceis de encaixar em qualquer uma destas categorias, seja porque estão em várias ao mesmo tempo, quer porque não se enquadram em nenhuma delas. Deixo aqui só dois tipos de chave que não sei como encaixar: "caça ao erro" e criptografia.

Não esquecer que esta classificação tem cerca de 70 anos.

Mas as consequências desta divisão... ficam para a reflexão individual.

 

 

In “A Página dos Enigmas! – sábado, 25 de Maio de 2024

Etiqueta: POLICIARISMO (História do Policiário)

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2 comentários:

  1. Na minha modesta opinião hoje, tal como ontem , os problemas policiários não se poderão resumir cada um isoladamente a oito simples tipos, quando até muitos deles têm muito naturalmente uma diversidade de tipos , sendo que serão até alguns poucos em que poder-se-á apontar um só tipo . E outros tipos poder-se-á ainda extrair da problemistica policiária ou até aglutinar alguns dos aqui referenciados . Mas isto sou eu a pensar … ! ( VIRMANCAROLI )

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  2. 🔍 Estou totalmente de acordo, meu Caro VIRMANCAROLI! Grande abraço. 👀 - O Gráfico

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Os seus comentários são bem-vindos. Só em casos extremos de grande maldade e difamação é que me verei obrigado a apagar.