QUEIMADA?...
* OUTRAS REPORTAGENS (023)
- Por: Repórter de Ocasião (RO)
OS PASPALHÕES
(Uma Peça em IV ACTOS)
OS PASPALHÕES
(Uma Peça em IV Actos)
I ACTO
ZEBREIRA, Povoação Portuguesa do Município de Idanha-a-Nova. Os Terrenos da Zebreira são bastante produtivos na Agricultura com o cultivo de Oliveiras, Cereais e Árvores de Fruto com a Caça Licenciada também a predominar entre os seus Habitantes.
Decidido entrou no frondoso e agreste mato com as mãos desnudadas de qualquer utensílio que normalmente faz parte de um Caçador Licenciado, como mandam as Leis! Andou, andou, bateu o mato (andar à procura de alguma coisa), caiu no mato (escondendo-se e fugindo para não dar nas vistas) e poucas vezes se viu no mato sem cachorro (em situação embaraçosa sem poder contar com qualquer auxílio)… mas estava determinado que a Caça ia ser proveitosa uma vez que no local abundavam Coelhos, Perdizes e especialmente Javalis.
Andou, andou, andou… até que numa zona com pouco matagal… viu um enorme Javali dirigir-se a si… ficou inerte e… não se mexeu! O Javali ao aproximar-se do Caçador Domingos Paixão da Eugénia abrandou a sua correria e lentamente chegou próximo da sua figura! O animal, rastejando, submisso, baixou a cabeça e ajoelhou-se aos pés do Caçador!
-O que fazes tu aqui!? -proferiu o Caçador.
-Estou aqui porque… estou morto! -disse o Javali com a voz agonizada.
-Mas estás mesmo morto!? Ainda te ouço a falar! -retorquiu o Caçador.
-Sim! Morri agora mesmo. Pode levar-me consigo. -exclamou o Javali.
…Ainda desconfiado Domingos Paixão da Eugénia abanou o corpo do animal com o seu pé direito e como a “fera” não se mexeu pensou para os seus botões:
-Bem… está mesmo morto! Grande dia de Caça! Este vai direitinho para Vale de Milhaços para ser degustado com os meus Amigos no “Cantinho da Tina”!
(Sorrisos e muitas palmas) – Final do I ACTO
II ACTO
PASPALHÕES – Pessoas que não têm préstimo. Paspalhos, Tolos, Espantalhos, Estafermos. Pessoas embasbacadas. Pessoas que atrapalham. Empecilhos. Pessoas que estorvam.
É evidente que nesta peça Teatral o termo usado de “Paspalhões” não representa, na acção verdadeira da sua palavra, o que realmente significa por isso o Leitor e o atento Espectador deve entender “Paspalhões” ou “Paspalhão” como um comportamento carinhoso ou um chamamento sentimental e de Amizades entre uma Confraria de Amigos neste caso num Grupo de Confrades que se juntam para tirar o proveito de uma Patuscada!
Estava em casa, na Cozinha, quando o telemóvel soou:
-Estou, sim, meu amigo Domingos! Grande abraço! Ora, diga… se faz favor!
-Rodriiiiiiigueeeeeessss!! -gritou no seu estilo peculiar o Domingos Paixão da Eugénia.
-Viva!
-Olha… no próximo Domingo vens almoçar connosco no “Cantinho da Tina”… porque eu fui à Caça na Zebreira e apanhei um grande Javali! Deu-me uma trabalheira… o “bicho” ia-me matando… mas tombou aos meus pés! -muitos risos dos Leitores!
-OK, meu bom Amigo. Lá estarei! -Aceitei o convite sem hesitar.
(Sorrisos e muitas palmas) – Final do II ACTO
III ACTO
CHEGAR ATRASADO – MARCOS FAUSTINO o “Paspalhão” da “QUEIMADA” – JAVALI excelentemente Cozinhado pelo “Cantinho da TINA”! Almoço espectacular e fenomenal.
Como é costume… não consigo chegar a horas… a um Convívio, mas... desta vez, marcado o repasto para as 13 horas, precisamente a esta hora estava a estacionar o carro no local indicado… quando o telefone tocou:
-Rodriiiiiiigueeeeeessss!! Nunca foste Militaaaaaar!? Onde andas tuuuuuu!?
-Já estou perto meu bom Amigo! -justifiquei-me sem ter justificação.
Entrei no pomposo e acolhedor Restaurante da Albertina Morais e dirigi-me à Sala preparada para o Encontro! O José Silvério Ameão, a Ana Ameão, a Patrícia Ameão e o Pedro Pepe ficaram surpreendidos com a minha presença… pois não sabiam que eu ia participar no Banquete! Entre abraços e sorrisos cumprimentei um Amigo que já não via há 40 anos… o Marcos Faustino e já não nos lembrávamos… bem… um do outro, mas eu sabia de quem se tratava! Cumprimentei-o e também à sua Esposa Alice! De seguida acenei com uma saudação especial a todos os presentes!
-Rodriiiiiiigueeeeeessss!! Sabes que quem chega atrasado…
-Paga a despesa!! -Disse eu resignado.
Cinco minutos bastaram para travar uma sincera Amizade com os Confrades que não conhecia e para fortalecê-la com o Marcos Faustino! A refeição foi excelente! O Javali foi muito bem confeccionado pela TINA e o Vinho Branco ingerido foi de superior qualidade! Quando terminou o Petisco… o Domingos Paixão da Eugénia não parou de dirigir-se ao Marcos Faustino e na sua gritaria habitual não se cansava de exclamar:
-Oh… Paspalhão… olha que tens de ir fazer a Queimada!
Fiquei curioso… não sabia o que era aquilo da “Queimada”! O Silvério já bebia um digestivo e o Faustino também e… eu acompanhei-os enquanto o afortunado “Caçador” não se cansava de dizer:
-Oh… Paspalhão… olha que tens de ir fazer a Queimada!
(Sorrisos e muitas palmas) – Final do III ACTO
IV ACTO
Já tinha visto no “Priberam” que “QUEIMADA” representava Cachaça fervida com açúcar e gengibre…. E pouco mais! Mais tarde apercebi-me que para tal preparação seria necessário, também, casca de limão, açúcar amarelo, rodelas de maçã e grãos de café, entre outros ingredientes, que eram colocados numa vasilha de barro onde se fazia fogo e a labareda teria de ficar azulada! Só não sabia é que... iria fazer parte de um ritual religioso a rondar o bruxedo numa espécie de magia negra!
…Até que chegou o momento… da anunciada QUEIMADA! O “Feiticeiro-Mor” já estava anunciado… era o “Paspalhão” do Marcos Faustino -que se esqueceu do Chapéu de Bruxo em casa! -quem colocou as especiarias na vasilha e começou a preparar o elixir milagroso, mexendo-o com uma colher de pau entre as palavras enfeitiçadas tais como: “Mochos, Corujas, Sapos e Bruxas. Demónios, Trasgos e Diabos. Espíritos dos Enevoados Campos. Corvos, Salamandras e Bruxas. Feitiços das Curandeiras. Mau olhado. Negros Feitiços. Pecadora língua da má Mulher casada com um Homem velho. Inferno de Satã e Belzebu”… e outras coisas muito horrorosas do piorio que se possa imaginar e, de repente, o fogo atiçou-se… a Sala ficou enevoada com um tom de cor azul arroxeada… o “Feiticeiro” elevou os braços… continuou com as suas cantilenas… monstruosas… enquanto os presentes de olhos esbugalhados saltavam e proferiam gritos endiabrados e miaus ensurdecedores! As portas do Restaurante fechavam-se e abriam-se em sintonia amaldiçoada como que alinhando na festança… e eu, sem saber como…, também comecei a gritar e a bailar… e o Céu, lá fora…, ficou negro!!
…Até que o “Feiticeiro” proferiu as seguintes palavras:
-“Forças do ar, terra, mar e fogo... a vós faço esta chamada… se é verdade que tendes mais poder que as humanas pessoas, aqui e agora, fazei que os espíritos dos amigos que estão fora, participem connosco nesta QUEIMADA!”
Fiquei imensamente agradecido ao Paspalhão do Domingos Paixão da Eugénia por um momento tão emocional, gratificante, mágico e divertido!
Os Actores juntaram-se e de mãos dadas agradeceram os aplausos e os vivas do público que rejubilou com tamanha e grandiosa actuação!
Em final de Festa repetiu-se a cena do I ACTO recordando-se o momento hilariante em que o “Caçador” caçou o Javali na distinta Zebreira! O público riu às gargalhadas.
(Sorrisos e muitas palmas) – Final do IV ACTO
ACTA EST FABULA
(está encerrada a peça)
Repórter de Ocasião (10 de MAIO de 2021)
NOTA – O Repórter de Ocasião opta por escrever os seus textos na ortografia antiga.
*** DEDICATÓRIA:
Com um grande abraço de indelével Amizade, esta Edição de “OUTRAS REPORTAGENS!” é dedicada, como devem compreender, especialmente, ao DOMINGOS PAIXÃO DA EUGÉNIA por me proporcionar um momento tão divertido e espectacular e depois agradecer a presença de todos os Amigos que participaram nesta Festa reforçando a Amizade com o Marcos Faustino, Alice, Anita, Pepe, Patrícia e TINA! (RO)












































Bom dia. Qual foi o resultado final? Talcez uma grande dor de cabeça. Ahahaha.
ResponderEliminar...Não! Perfeitamente tranquilo!! Muito bom! Abraço. (RO)
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