*** DEDICATÓRIA:
»»» Com um grande abraço, esta crónica é dedicada ao meu bom Amigo Marcos Lourenço e à sua digníssima Esposa Dona Emília
pela arte que apresenta na produção de “Bôlas” extraordinárias!
Cá ficamos à espera… da próxima! (RO)
A Loja das Crónicas
*** Histórias de
Natal!
Escreveu: Repórter de Ocasião (RO)
B
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URGAU, anos
sessenta, cada habitante da Aldeia, situada nas proximidades de Lagos, tinha a
respectiva alcunha, normalmente a condizer com a sua profissão ou então, devido
ao seu bom ou mau feitio! Um dos personagens desta história, o Senhor Manuel, estava
apelidado de “Peneireiro” por vários motivos, o principal, porque trabalhava no
fabrico artesanal e venda de peneiras para duas funções, tanto aquelas em forma
circular, de madeira, com um fundo de seda ou palhinhas entrelaçadas, que
serviam para separar as substâncias boas das nocivas à saúde, especialmente
tratando-se de farinhas e trigo, (separar o joio do trigo!) e que eram
pretendidas pelos Trabalhadores Rurais, como as peneiras que eram utilizadas
pelos Pescadores, na arte de pescar camarão, igualmente produzidas com seda
muito fininha! Estava também apelidado de “Tio Manuel Peneireiro” porque o
Senhor Manuel quando “estava com os azeites” visivelmente irritado e com muito
mau humor tornava-se -contavam os mais “velhos”… -no “Diabo” em pessoa! Na
gíria Popular, outros ainda diziam que o termo “Peneireiro” tinha a ver com escárnio
pelo facto do próprio ser um pelintra mas o Senhor Manuel podia ser acusado de
tudo, e mais alguma coisa, mas… maltrapilho ou miserável não era, de certeza
absoluta, porque a produção das peneiras dava-lhe perfeitamente para viver e
porque, outrossim, quando os Agricultores mais abastados das proximidades da
Aldeia precisavam de Homens para trabalhos forçados, e bem pagos, ele era dos
primeiros a aderir para realizar umas horas extraordinárias e ganhar, desta
maneira, mais uns tostões! Os anciãos de Burgau esclareciam os mais jovens que
a comparação com “pelintra” se referia ao facto do “Tio Manuel Peneireiro” ser
muito careiro na venda dos seus utensílios! Fazia questão de vender caro porque
considerava as suas peneiras da melhor qualidade!
A
OFERTA DE NATAL
Numa Quadra Natalícia, o “Tio Manuel Peneireiro” aderiu
a ir trabalhar numa das chamadas “Empreitadas”… nos terrenos de um rico
Lavrador que solicitou gente para adiantar uns “serviços” no campo antes que
chegasse o Natal! Tudo correu às mil maravilhas, ao “Ti Manel Peneireiro” e
além do dinheirito que angariou o Proprietário ofereceu-lhe conjuntamente 3
lindas e vistosas abóboras bastante reluzentes e ao que parecia… também muito
suculentas!
O Senhor Manuel aceitou as prendas, com enorme
gentileza e sorrisos só que… embora todos saibamos que as abóboras são legumes bastante
utilizados na culinária e que têm a vantagem de ter poucas calorias, ajudando
no emagrecimento e controlo do peso… para o “Tio Manuel Peneireiro” elas sempre
representaram um enorme tormento pois, de maneira nenhuma, jamais conseguiu
degustar tal produto hortícola!
A caminho de casa, a pé, por caminhos e campos arenosos
e outros abundantes de torrões, ainda por cima muito carregado com as
“desgraçadas” das abóboras, na primeira oportunidade, já longe dos olhares do
seu “Patrão”…, o “Tio Manuel Peneireiro” que era um Homem de baixa estatura e
magro de aparência, decidiu-se a atirá-las para o fundo de uma valeta, que
circundava um dos campos das proximidades, e que se apresentava com água suja
com muitas ervas daninhas! As abóboras desapareceram, afundadas, enquanto o “Ti
Manel Peneireiro” soltou vários impropérios destinados às “inocentes” abóboras
e outrossim para quem as ofereceu… e que por questões de moralidade não os
transcrevo nesta crónica!
CHEGADA
A CASA À HORA DE JANTAR
O Sol já desaparecera… e já era quase noitinha quando o
“Ti Manel Peneireiro” chegou ao seu lar, doce lar, uma bonita e reluzente casa,
rasteira, toda pintada de branco, de 3 assoalhadas -geminada com um casarão que
o Senhor Manuel usava como a sua oficina de fabricação das peneiras -sempre bem
limpa, por dentro e por fora, com óptima apresentação, graças às preocupações
da sua Esposa, a Dona Miquelina, uma Mulher alta e forte que criou e educou os
dois filhos do casal até se tornarem Homens e ingressar nas Escolas da Marinha
do Alfeite, no Laranjeiro (Lisboa) onde seguiram as suas vidas!
-Uf! Já
cheguei querida! -proferiu o “Tio Manuel Peneireiro” quando entrou em
casa enquanto se sentava num cadeirão que estava situado à entrada da sua
residência!
-Viva! Boa noite amigo! O jantar está
pronto! Vem já comer… antes que arrefeça! A mesa está posta! -respondeu de bom grado a Esposa.
-Aiii…
deixa-me descansar um pouco, aqui no cadeirão enquanto descalço as botas!
Huummm… cheira bem! O que é o jantar… amor? -perguntou.
-Olha… é uma
surpresa! Uma refeição que nunca fiz… uma deliciosa Sopa de Abóbora!... -respondeu a Dona Miquelina.
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A
Bôla do Senhor Marcos
A “Bola” ou “Bôla” é um Pão ou Bolo, especialmente de
forma quadrada ou rectangular, que é feito com ovos, óleo, farinha, leite, fermento
e uma mistura de carnes, conforme o gosto de quem a confecciona podendo
utilizar-se também fiambre, queijo, chouriço, chourição, bacon, e/ou presunto!
Existem muitas variedades de “Bôla” até há quem a faça introduzindo morcela,
todavia não há nenhumas tão saborosas e deliciosas como aquelas que a Dona
Emília, a Esposa do Amigo Marcos Lourenço, as cozinha! São únicas e divinais!
Gostosas e extraordinárias! Por muitas vezes, em jornadas de Confraternização
de Almoços e Jantares/Convívio, no Charneca de Caparica Futebol Clube, a Nação
CCFC solicita ao “”Senhor Marcos” que peça à sua Senhora, a Dona Emília, para
ela produzir uma “Bôla”!...
No entanto, para arrelia do Marcos Lourenço -que está
sempre a dizer que nunca mais leva “Bôla” nenhuma para o CCFC (!) -alguns dos
seus Amigos, daqueles mais brincalhões, essencialmente o Luís Rodrigues e o
José Manuel Santos estão sempre a dizer que a “Bôla” não presta para nada… não
tem qualidade, embaça quem a degusta, não tem sabor e outras coisas do piorio
-que o leitor bem pode imaginar! -para “provocar” a disposição do ML.
COINCIDÊNCIAS E/OU SEMELHANÇAS
Para justificar o título desta crónica… “A Bôla do Senhor Marcos e as Abóboras do Tio Manuel Peneireiro!” é necessário
esclarecer o Leitor que numa ocasião em que o Marcos Lourenço levou uma “Bôla”
para a sala de Convívio do CCFC, mesmo contrariado, os episódios sucederam-se,
com os piropos maldizentes do costume e a chacota habitual! No entanto e como
sempre… toda a gente se deliciou e até houve… quem levasse “Bôla” para casa!
*** Aproveito
para felicitar a Dona Emília pelas maravilhosas “Bôlas” que confecciona, que
podendo ser comparadas com muitas outras… jamais terão o mesmo sabor e
apresentar-se-ão tão espectaculares! OBRIGADO. (RO)
Dias depois dos gracejos sobre a “Bôla” do “Senhor
Marcos” oferecida para aquele Jantar/Convívio, na sala de Convívio do CCFC, uma
comitiva do Charneca de Caparica Futebol Clube, onde estavam Anselmo Rosa, José
Manuel Santos, Luís Rodrigues e o próprio Marcos Lourenço, participou nos
Festejos de Aniversário da União das Freguesias de Charneca de Caparica e
Sobreda e… para alegria e surpresa dos presentes um dos Bolos principais e mais
decorativos da Mesa que suportava o banquete, á excepção do Bolo de
Aniversário, era, precisamente, uma bem composta e apetitosa “Bôla”! Imagine,
agora, de nono, o leitor o que é que sucedeu… José Manuel santos e o Luís
Rodrigues riram ás gargalhadas… o Marcos Lourenço corou… as brincadeiras
sucederam-se e, no final, não sobrou nada!
Repórter de Ocasião (05 de MARÇO de 2019)
NOTA – O Repórter de Ocasião opta por escrever os
seus textos na ortografia antiga.
Muito bem RO
ResponderEliminar*** Obrigado, João! Sinto-me confortado quando alguém comenta depois de uma produção destas! Abraço. (RO)
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